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Controle não é eficaz, admite federação

VIOLÊNCIA
Barrados de estádios não são obrigados a comparecer a delegacia durante jogos de seus clubes

DE SÃO PAULO

Não há como controlar o acesso aos estádios dos torcedores impedidos administrativamente pela FPF (Federação Paulista de Futebol) de frequentar jogos de futebol, admitiu a entidade à Folha.

Atualmente 26 pessoas estão em uma lista que é enviada para fiscais e para a Polícia Militar antes de todas as partidas realizadas no Estado de São Paulo. Essas proibições correspondem a seis meses de trabalho.

Hoje, num único dia, devem ser publicados mais 34 nomes, ligados às torcidas do São Paulo e do Guarani.

"Como é uma decisão administrativa da federação, sem poder judicial, realmente não há um controle eficaz. Tentamos fazer o reconhecimento do torcedor na entrada, mas é difícil", disse Marcos Marinho, chefe de segurança e arbitragem da FPF.

"Pode passar alguém", admitiu. Marinho disse que até agora nenhum listado foi encontrado em estádios.

O palmeirense Guilherme Vinicius Jovanelli Moreira, 19, o 27° nome na lista, teve morte cerebral confirmada ontem. Apesar da proibição, ele estava ao lado de torcedores que iriam ao clássico Corinthians x Palmeiras, no Pacaembu, no domingo. Houve confronto na zona norte.

A Mancha Alviverde, da qual Moreira era filiado, liderava a lista, com 11 nomes. Entre eles estão o presidente Marcos Teixeira e o vice Lucas Lezo, irmão de André, morto na briga campal.

A Torcida Jovem, do Santos, tem dez filiados proibidos. Dois listados não são ligados a organizadas.

Pelo artigo 41 do Estatuto do Torcedor, pessoas que se envolverem em tumultos dentro, fora ou no trajeto aos estádios podem ser proibidas de frequentar arenas.

É nisso que a FPF se baseia, mas ela não tem o poder de exigir que eles se apresentem em delegacias duas horas antes e duas horas depois dos jogos. Essa é uma decisão que cabe somente à Justiça.

"O ideal é um convênio entre Justiça e federação. Que passemos os nomes, e eles obriguem o torcedor a fazer serviço comunitário durante o jogo", disse Marinho.

HISTÓRICO

Todos os barrados se envolveram em alguma confusão entre torcidas com boletim de ocorrência registrado. É a polícia quem envia à federação os nomes, e a entidade decide a punição.

Há casos de brigas na rua, confrontos dentro do estádio, posse e arremesso de rojão e até desacato. As suspensões podem ser dadas sem data para acabar, como no caso dos palmeirenses e corintianos da Pavilhão Nove que se enfrentaram embaixo da ponte dos Remédios, na zona norte da capital, em fevereiro.

Existem outras penas que duram de seis meses a dois anos. Segundo Renato Ramos, funcionário público de 27 anos e presidente da Fúria Andreense, organizada do Santo André, sua punição de 180 dias foi por desobediência à ordem policial ao sentar em local proibido em um jogo de divisões inferiores.

"Só recebi um e-mail da federação informando da punição. Mais nada. Não fui ao estádio por respeito à orientação, mas poderia entrar em qualquer arena do Estado", disse Ramos. (LR e MR)

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