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Sem uniforme

Três dias depois da briga que matou dois torcedores, corintianos e palmeirenses voltam aos estádios com policiamento reforçado

Adriano Vizoni/Folhapress
Palmeirenses vestem camisa em homenagem a colegas mortos em briga no domingo
Palmeirenses vestem camisa em homenagem a colegas mortos em briga no domingo

LUCAS REIS
DE SÃO PAULO
MARCEL RIZZO
ENVIADO ESPECIAL A JUNDIAÍ

Eram 21h30 e parecia haver mais policiais e guardas civis do que corintianos em frente ao Pacaembu.

Em meia hora o Corinthians enfrentaria o XV de Piracicaba, e o Palmeiras jogaria com o Paulista em Jundiaí.

Três dias depois da tragédia que matou dois palmeirenses, os torcedores que se enfrentaram domingo estariam novamente pela cidade. Durante toda a noite fria o clima era de tensão por retaliações, alimentada por rumores de novos confrontos.

Proibidas de entrar nos estádios, Gaviões da Fiel e Mancha Alviverde estavam lá, nas arquibancadas. Por isso não usavam roupas ou algo que trouxesse o nome ou o emblema de suas agremiações. Na porta dos estádios, policiais revistavam tudo.

Havia policiais por toda a região do Pacaembu desde a Barra Funda, incluindo estações de metrô. Durante o dia, rumores de que palmeirenses buscariam vingança pipocaram pela internet. A polícia informava que desconhecia quaisquer ameaças.

De longe, olhando para a praça Charles Miller, endereço do estádio, as lanternas vermelhas das viaturas e as câmeras de TV iluminavam os torcedores, que chegaram aos poucos. A cavalaria ficou ao lado do portão de entrada das organizadas. Não houve, porém, chegada em massa de corintianos. No estádio, os gaviões ocuparam seu espaço de costume e cantaram os velhos gritos de guerra.

"O efetivo foi aumentado de 120 para cerca de 150 homens. Estamos preparados para qualquer tipo de ação", disse à Folha o tenente-coronel Carlos Savioli, por telefone, enquanto fazia ronda pelas sedes das organizadas. "Está tudo calmo", disse mais tarde, já por volta das 21h50.

Ao mesmo tempo, no estádio Jayme Cintra, em Jundiaí, membros da Mancha arrumaram uma maneira de entrar uniformizados. Eles pintaram camisas brancas para homenagear os dois filiados mortos após a briga de domingo. Ao menos 50 vestiam a roupa, que trazia o nome de André (Alves Lezo) e Zulu (Guilherme Vinicius Jovanelli Moreira). Atrás, a palavra luto.

A Mancha não fretou ônibus, como de costume, porque boa parte dos associados esteve ontem à noite no enterro de Moreira, no cemitério do Jaraguá, na zona norte da capital. Aqueles que quiseram ver o jogo contra o Paulista foram de carro. Como foram separados, a polícia não soube dizer quantos palmeirenses deixaram a capital.

Na rodovia Anhanguera, carros da Força Tática da PM estavam posicionados em alguns pontos para evitar problemas com o deslocamento dos palmeirenses. Em Jundiaí, torcedores que saíram da subsede da Mancha, cerca de 30, foram escoltados.

Ao menos dentro dos estádios, quase vazios em meio ao frio, reinou a paz. Tanto no Pacaembu, 7.000 torcedores, quanto em Jundiaí, menos de 5.000, as organizadas não usaram gritos ofensivos, referências a violência nem citaram umas às outras.

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