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Adaptado

Paulo Roberto Falcão, 58, o técnico que transformou o Bahia no melhor ataque do Brasil, elogia Mano Menezes e diz que derrota de 1982 foi destino

NELSON BARROS NETO
EM SALVADOR

O melhor ataque do Brasil no ano é o do Bahia, dirigido por Paulo Roberto Falcão, 58, que substituiu Joel Santana.

Em 14 jogos, foram 51 gols (3,6 por partida). Mas Falcão prefere não bater de frente com o "futebol de resultado" promovido pelos colegas.

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Folha - Ainda passa o filme daquela eliminação de 1982?

Falcão - Eu acho muito bom quando se fala em 1982, sabe por quê? Não lembro na história de uma seleção que tenha perdido e tenha se falado tanto. Por que perdeu? Acho que é destino, até porque os dois times jogaram bem.

A ideia é implantar conceitos do Barcelona no Bahia?

O Barcelona tem um conceito de 30, 40 anos, e eles jogam assim, mesmo nas categorias de base, de se aproximar e tal. Eu tenho uma ideologia que você tem que se impor ao adversário. E ter, acima de tudo, uma compactação. Defesa, meio campo e ataque próximos. Temos que obrigar o adversário a fazer o que a gente quer.

Também vê uma crise no futebol brasileiro?

Acho que muita gente tomou o jogo Barcelona x Santos por base. Nós brasileiros somos humildes em tudo, menos em futebol. A gente acha que é o melhor do mundo, e não é. Todos vimos um espetáculo do Barcelona, reconhecido pelos próprios santistas. Mas aquilo é uma ideologia, todo mundo não é o Barcelona. Acho que se exagerou muito.

Os treinadores têm culpa?

Acho que cada um tem que jogar de acordo com as características de seu time. Eu não tenho como criticar o trabalho de ninguém, seria falta de ética. Eu acho que às vezes uma jogada aérea é uma jogada forte. Mas você não pode só ter aquilo.

E a seleção brasileira?

Eu gosto muito do Mano, é um cara que se preparou. Só que tem que ter um pouco de paciência, porque as coisas nem sempre acontecem como a gente planeja.

Ainda pensa em voltar?

Não, não, não... Aquele trabalho (1990-91) foi de renovação, fiquei feliz que apareceram jogadores como Cafu, Leonardo, Mauro Silva, que seriam campeões em 94.

Como era a relação com Ricardo Teixeira?

Fiquei um ano lá, [ele] nunca se meteu em escalação, em convocação. Tive uma relação muito boa com ele. A saída foi por exigências que tinha que cumprir, mas não concordei, por isso ele não renovou. Meu contrato era de um ano.

Você assumiria o COL?

Me pegou de surpresa, não dá para falar agora, assim...

Platini e Beckenbauer são exemplos a seguir?

Tudo quando se tem competência é possível. Agora, que existe a vantagem de quem conhece, que trabalha no campo, que tenha uma relação, é verdade.

Como foi o encontro com treinadores europeus?

Conversei com o Arrigo Sachi, que mudou o futebol italiano com o Cesare Prandelli, atual treinador Itália. Falei longamente com ele. E a última semana eu passei lá no Real Madrid, com o José Mourinho, vendo os trabalhos dele, como orientava. Com o Guardiola [do Barcelona], nossas agendas não bateram.

Sentiu preconceito quando chegou ao Bahia? Um catarinense que sempre morou em Porto Alegre e na Itália...

Nada, nada... As pessoas têm o direito de dizer e pensar o querem. Nunca pensei sobre isso. E sempre passei as minhas férias aqui.

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