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Xico Sá

Os insecáveis

Os secadores anárquicos e avulsos só estão preocupados com a gozação e o escárnio

Amigo torcedor, amigo secador, o corvo Edgar, com sua extensa milhagem de agouro, decreta: o Barça é insecável. Com o maldito, recolho as asas da imaginação e me poupo também dessa inglória tarefa. Never more, never more.

Secar o clube catalão é mais sofrido do que jogar contra ele. Desisto. Você venceu, Pep Guardiola, você venceu, Lionel Messi. O Barcelona não é um time. É um sistema ideológico, a revolução permanente da bola capaz de derrubar qualquer franquismo ou retranca.

Para quem não acompanha a coluna, explico. Na companhia do corvo, desenvolvo a arte de secar os grandes ou favoritos. Sempre na fileira dos feios, sujos e malvados. Nos jogos do Barça, o exercício do agouro vira um tormento. Não há mandinga que tire a pelota da infame roda de bobinho dos Xavis e Iniestas. Só o Dinho e o Sandro Goiano juntos, naquele bravo Grêmio, dariam jeito. Desisto.

Secar o Flamengo, porém, continua uma dádiva. Toda maldição pega. Tem conseguido superar até mesmo o Botafogo na vulnerabilidade mística. Você canta o pênalti, o juiz marca. Você vislumbra a tragédia, demorou, já é, já era.

Secar, amigo, é o que há de mais sagrado e divertido no futebol. Enquanto a torcida organizada faz tocaia e mata; os secadores anárquicos e avulsos só estão preocupados com a gozação e o escárnio.

Como o Durvalzinho, por exemplo, o maior secador do país. Capaz de decidir um Come-Fogo, na sua Ribeirão Preto, com um piscar de olho. Aprendi tudo que sei desse ofício com o grande caipira, o pai da matéria. Por que tenho convicção que o Corinthians vai longe neste ano na caminhada obsessiva pela Libertadores da América? Não é por entender bulhufas do futebol e dos seus mistérios. Tudo soprado pelo Durvalzinho, esta rica mistura de Jeca Tatu e Nostradamus.

Durvalzinho é ousado. Aposta, por exemplo, no Palmeiras como campeão da Copa do Brasil deste ano. Duvido. Ele insiste. O São Paulo cai. No momento em que o Leão estiver se achando de novo o rei da cocada preta. Palavras do xamã ludopédico caipira. O nosso mago confessa: também desistiu de secar o Barça. Ainda naquele jogo da humilhação contra o Santos. Conta que somente em outros dois momentos desistiu dessa arte. Com o Peixe da era Pelé e com o Flamengo do Zico.

Doravante também não perderei meu tempo. O time catalão é insecável. Melhor secar o tomara que caia das cariocas do Baixo Gávea.

Muito mais jogo.

@xicosa

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