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Lúcio Ribeiro

Quaquá

Na busca por alguém que salve a seleção pelo amor de Deus, foram achar o Kaká

A Copa no Brasil, que acontece daqui a uns dois anos, já atingiu o nível 3 de desespero, numa escala até 5, informa o setor sismológico-futebolístico nacional. Construção polêmica de estádios, cerveja sim ou não, ascensão e queda de Ronaldinho como esperança, a busca de um time, o questionamento do técnico, a Olimpíada enquanto laboratório para o "Grande Torneio", tudo isso já nos tinha sinalizado que o Mundial-14 JÁ começou.

Agora mais um "elemento" está sendo colocado neste caldeirão verde e amarelo de aflição: a ideia de que o Brasil precisa de Kaká como seu novo herói. Veja, ninguém aqui está dizendo que Kaká não seja um bom jogador. Mas a condição literal de "salvador da pátria" que estão imputando ao meia está cada vez mais forte. Tudo porque Kaká não foi convocado para defender a seleção nos Jogos-12, bem na época em que ele faz duas boas partidas contra o Apoel, de Chipre, pela Champions League. Na primeira, ele entrou e ajudou a mudar a história do jogo para o Real Madrid com boas jogadas e um gol. Na segunda partida, classificação facilitada e em casa, repetiu as "façanhas".

Isso bastou para a corrente nacional engrossar, Mano Menezes vir a público justificar a ausência olímpica dele e comentaristas da Globo cobrarem a presença do jogador em rede nacional. Kaká de fato vem evoluindo, depois de um tempo de contusões crônicas. Mas está longe de ser até titular no time dele, quanto mais herói nacional. Fiquei fora do mundo esportivo no domingo e ontem corri atrás do prejuízo. Sabia do perigoso empate do Real no Espanhol (lá vem o Barcelona), e um título na imprensa brasileira me chamou a atenção: "Sem Kaká, Real fica no empate". Pensei: ele não jogou. Será que se machucou? Mas a leitura certa era: "Já que Mourinho não bota Kaká para jogar, só no final, o time não criou nada e deu no que deu".

Kaká entra na faixa etária "crítica" dos jogadores na semana que vem, quando chega aos 30 anos.

Na Champions, nas oito partidas do Real, jogou os 90 minutos em duas ocasiões: contra o Ajax na primeira fase (Real classificado, time misto) e a segunda partida contra o Apoel, onde fez um autêntico "gol Kaká" e ganhou a fama de "ressuscitado" para a seleção. Na Liga Espanhola, jogou 25 dos 31 jogos do Real: dez como reserva. Mais uma vez, isso aqui não é contra Kaká. Ele está na dele, se recuperando, e joga num time em que concorre com Di María, Özil e Cristiano Ronaldo, todos os três acima do nível dele atualmente. Mas, se você pensar que Kaká não entregou o esperado nas últimas duas Copas, fica difícil imaginar que ele possa ser este 10 que acham que ele ainda pode ser.

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