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Xico Sá

Monalisa do Ipiranga

Será que secamos o estoque de gols? Era a interrogação no cocuruto da mais fiel torcida

Amigo torcedor, amigo secador, o fiel corintiano amanheceu ontem com um sorriso estranho, irônico, encucado. Não que estivesse desgostoso com a goleada sobre os aurinegros venezuelanos de San Cristóbal. Imagina. Mas a fartura desse atípico 6 a 0, além das piadinhas dos adversários, reabriu um catatau de superstições.

O meu leitor mais cético dirá: bobagem. Esquece que se a vida é feita da matéria dos sonhos, como disse um certo inglês no tempo em que a bola era quadrada, o futebol é feito, nos deuses cruéis detalhes, da mística, da sorte, do azar e da mandinga. O corvo Edgar assina embaixo a sentença.

Quando o Corinthians vence, no seu habitual conta-gotas de 1 a 0, o fiel torcedor ri sem medo. A cidade de São Paulo fica bem mais morável. O café vem mais quente, e a cerveja, mais gelada. O trânsito flui, motorista respeita pedestre, taxista dá passagem e bom dia a ciclista, motoboy anda relax, a vida é outra, mano, se liga.

O sorriso de ontem era diferente. Será que secamos o estoque de gols? Era a interrogação irônica que balançava no cocuruto da mais fiel torcida. O corintiano mais safo dirá: besteira, esse é o Timão que conheço. Não é, amigo. Quer dizer, não estava sendo. O bravo e competente Tite que nos diga. Viu que o Emerson Sheik também ficou preocupado com a tempestade gols!

Até a minha linda enfermeira corintiana deve ter acordado com um sorriso diferente. Não o de sempre, Monalisa do Ipiranga. Suspeito que até o Gigante, o maior da fiel torcida, tenha lá suas desconfianças. Óbvio que não irá, jamais, colocá-la na roda. Boa sorte na sequência da Libertadores.

Uma semana diferente mesmo. Repare que até o Barcelona perdeu, jogando o mesmo futebol de sempre. Não se falava de outra coisa no bar do alvinegro Olival, no bairro de Fátima, Fortaleza, onde acompanhei a rodada com a patota do tricolor Raimundo Fagner, sob o olhar sabido do Orlando Facó, craque que as torcidas do Ferrim e do Santa Cruz guardam no altar dos grandes nomes.

Semaninha atípica. Até CPI voltamos a ter no Congresso. Se continuar assim um dia teremos uma para valer na Assembleia Legislativa de São Paulo, uma Casa praticamente à prova de investigações.

Na CBF, porém, tudo continuou a várzea de sempre, com o devido perdão aos varzeanos. É a grande Sucupira do poder da bola. Estamos ferrados para a Copa. No que o amigo dirá, safo: eu quero é novidade.

@xicosa

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