Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Juca Kfouri O final do Estadual Quando chegam as decisões, muitos se esquecem de como foi chato chegar até elas NESTE DOMINGO tem o começo das finais do Campeonato Paulista, com o Guarani como azarão, intruso na festa que era para ser só dos grandes, mas que eliminou o Palmeiras, como a Ponte Preta eliminara o Corinthians. O que dá sim uma graça especial ao apogeu do esmaecido Campeonato Estadual. Não são poucos os leitores que se enchem de razão e euforia e perguntam se faz sentido abdicar da expectativa ora vivida e da emoção causada pelas semifinais que deixaram gigantes pelo caminho não só em São Paulo, mas, também, no Rio Grande do Sul e nas Minas Gerais. De fato, foram semifinais sensacionais, mas que, ao contrário do que imagina a cegueira provinciana, não significam nem que o interior tem a força, porque não tem mais e não é de hoje, nem que tenha valido a pena passar mais de três maçantes meses de jogos sem sentido para chegar até aqui. Aliás, os que defendem o modelo atual não percebem que seu acriticismo acaba por ser o maior responsável pela lenta e inexorável morte dos clubes que pensam defender. Porque resultados isolados em um ou outro jogo são apenas isso, resultados isolados, fortuitos, circunstanciais, típicos do jogo de futebol e frutos de regulamentos esdrúxulos. É óbvio que ninguém que goste de futebol está indiferente ao que vem por aí. Mas não era preciso tanta enrolação e pouca gente nos estádios para viver o clímax deste momento. Porque o Guarani, por exemplo, momentaneamente com seu orgulho resgatado, não tem nenhuma garantia de um futuro melhor, já que a Federação Paulista de Futebol não implanta uma política que garanta a sobrevivência digna dos clubes interioranos, a não ser a de vampirizar os grandes a cada começo de temporada. E é exatamente disso que se trata: o clubes do interior, alguns de inestimável tradição e contribuição ao futebol brasileiro, devem ser tratados com um mínimo de dignidade e de maneira permanente, respaldados, como já se disse um milhão de vezes, por um fundo financeiro que lhes tire do sereno a que estão condenados durante todo o restante da temporada -nove longos meses, uma gestação, mas de quem está fadado à exclusão. Porque, afinal, que tamanho têm hoje os campeões paulistas de 1986, 1990 e 2004, respectivamente, Inter de Limeira, Bragantino e São Caetano? À festa, pois, mas com realismo e senso crítico. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |