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Edgard Alves

Pobre Cuba

As dificuldades econômicas da seleção cubana de vôlei mostram face perversa das grandes disputas

A batalha enfrentada pela seleção feminina de vôlei de Cuba para ir aos Jogos Olímpicos de Londres é, no mínimo, curiosa. Mostra uma face pouco difundida das grandes competições, perversa até, pois aqueles confrontos, vistos por milhões de pessoas mundo afora, muitas vezes não espelham a realidade dos oponentes. Ou seja, jogam um jogo com regras e em aparente situação de igualdade, mas se prepararam para chegar lá em condições distintas, uns com todo respaldo, e outros, apenas com a garra.

Este é o caso de Cuba hoje. Trata-se de uma das mais destacadas escolas de vôlei do mundo, aliás, a única no feminino que conquistou três títulos olímpicos consecutivos (Barcelona-1992, Atlanta-1996 e Sydney-2000), mas que, por falta de recursos econômicos, quase perde a derradeira oportunidade de lutar por uma das vagas de Londres no Pré-Olímpico de Tóquio, a partir do próximo dia 19.

Na chance oferecida no Pré-Olímpico da sua região, as cubanas tropeçaram diante das dominicanas, que levaram a vaga. Daí a necessidade da ida ao Japão para a última oportunidade, a um custo estimado de US$ 100 mil, valor impraticável para o governo socialista cubano. Cuba enfrenta uma crise acentuada desde o final de 1991 com a dissolução da União Soviética, que era o braço de apoio ao país, mais o bloqueio imposto pelos EUA, um inimigo implacável, e a manutenção de um regime fechado, que vagarosamente começa a se abrir.

Entretanto um apelo público das ex-tricampeãs Regla Torres e Mireya Luis provocou socorro financeiro da Federação Internacional de Vôlei e da Confederação das Américas Central e do Norte e o Caribe para pagar a viagem ao Japão.

Quatro vagas estarão em disputa em Tóquio, incluída uma para a seleção mais bem posicionada da Ásia. Já garantiram o carimbo no passaporte para os Jogos Itália, EUA, China, Argélia, Turquia, República Dominicana, Grã-Bretanha e Brasil, que se classificou ontem à noite ao vencer o Pré-Olímpico sul-americano, em São Carlos, no interior paulista.

A fase mais bem sucedida de Cuba na Olimpíada ocorreu há 20 anos, em Barcelona, quando obteve 31 medalhas, 14 delas de ouro. Caiu. Em Pequim-2008, foram 24, duas de ouro. Mas nas Américas resiste: com seus parcos 12 milhões de habitantes, arrebatou 58 medalhas de ouro no Pan, ano passado, sendo superada por 92 dos EUA, país de 300 milhões de almas. O esporte cubano tem tamanha expressão que, mesmo na derrota, ainda vira selo de qualidade para o rival vitorioso.

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