Web e sócios quase matam bilheterias

Corinthians e Santos fazem, neste meio de semana, jogos que podem ser definidos como os mais importantes do ano -ao menos até aqui-, os de volta das quartas de final da Libertadores.

Há poucos anos, situação semelhante seria o estopim para que imagens mais do que comuns gerassem revolta: as longas e desorganizadas filas nas bilheterias, torcedores nervosos com o atraso na venda, a falta de orientação e ingressos que, no fim, só eram garantidos no tapa.

Desde domingo não há mais entradas para quem quiser ver o Corinthians buscar a semifinal da Libertadores contra o Vasco no Pacaembu.

Dos 34 mil ingressos à venda para corintianos, 32 mil foram comprados pela internet -31 mil por sócios do programa Fiel Torcedor. Os que sobraram, os mais caros, se esgotaram nas poucas horas em que estiveram disponíveis nas bilheterias tradicionais.

Os números aproximam da realidade a frase que era repetida pelo atual diretor de seleções da CBF, Andres Sanchez, no período em que esteve na cadeira de presidente do clube alvinegro.

"Dentro de poucos anos só vai ao estádio quem for sócio", disse, mais de uma vez.

"Caminha para isso", afirma o gerente de arrecadação do Corinthians, Lúcio Blanco. O jogo de amanhã, contra o Vasco, é o melhor exemplo dessa provável exclusividade para sócios no futuro.

No ano passado, o Corinthians não abriu as bilheterias para o clássico contra o Palmeiras, na última rodada do Brasileiro, jogo que decretou o pentacampeonato.

Todos os bilhetes foram vendidos pela internet, 27 mil para sócios -o clube estima em 70 mil o número de associados adimplentes atualmente. "O torcedor entendeu que é um benefício para ele mesmo", explica Blanco.

Vantagem mesmo tem o clube. A venda antecipada auxilia o time na organização da partida e na diminuição de custos. "O Corinthians hoje vende 70% dos ingressos até um dia antes do jogo. Isso nos ajuda", diz o gerente.

Com um número de sócios maior do que a capacidade do Pacaembu, o Corinthians dá prioridade àqueles que mais compraram entradas.

"Se transformarmos isso num hábito, facilitará para todo mundo", afirma o vice-presidente santista Odílio Rodrigues. Por causa das limitações da Vila Belmiro, ontem o clube colocou à venda apenas 5.000 ingressos para o duelo ante o Vélez, quinta.

A carga -prevista para se esgotar ontem mesmo, na web- representa apenas 10% do total de sócios atuais do Santos. O clube também estuda uma forma de privilegiar os torcedores mais assíduos.

"A internet agiliza, evita conflitos", completa o vice santista. Ele, porém, não esperava que o site de venda fosse ter problemas ontem.

Sem conseguir comprar os ingressos, sócios foram até a secretaria do clube e causaram um pequeno tumulto.

No fim da tarde, o Santos publicou nota pedindo desculpas pelas falhas e culpando uma tentativa de invasão ao sistema, que impediu a venda. Informou que, depois, a página ficou instável devido a quantidade de torcedores atrás dos poucos bilhetes.