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Lúcio Ribeiro

Inacreditabilidade

Se o Chelsea levou essa Champions, não guarde nenhuma certeza para nenhum torneio. Nunca

Ia aqui continuar minha campanha quase-solitária "Vai Embora, Neymar", mas vou esperar ele arrebentar em outro jogo pelo Santos para fazê-lo, e não soar oportunista.

Troquei Neymar pelo Chelsea. Fiquei comovido com o "Valeu, galera" em português que o brasileiro David Luiz gritou para 80 mil ingleses (e agregados) domingo, microfone na mão, no desfile de carro aberto do time de Londres, após a homérica conquista da mais valiosa taça para clubes do planeta. Em cima do ônibus-palanque, entre os cardeais Drogba, Terry e Lampard, o jovem zagueiro ainda puxou o hino do clube para a massa cantar.

A gente aprende desde pequeno que em futebol tudo pode acontecer. Mas esse título da Champions League ganho pelo Chelsea no sábado foi ele todo talvez o mais "impossível-virando-possível" que já vi na vida. Arrisco a dizer que se o Chelsea ganhou a Champions assim, qualquer time em qualquer torneio pode fazer do improvável provável. Que me ouçam o Corinthians na Libertadores, os claudicantes Palmeiras de Luan e Cruzeiro de Roth no Brasileiro, Goiás e Bahia na aparente "invirável" situação na Copa do Brasil, o Brasil na zicada Olimpíada.

Com um time em quem nem a torcida botava muita fé, o Chelsea chegou à fase de grupos já tomando 3 do Napoli na Itália e perdendo o técnico.

Com um interino e um gol na prorrogação fez-se o primeiro milagre. A virada veio mais porque a igrejinha derruba-técnico formada pela velha guarda resolveu enfim assumir o time.

Vieram o Benfica e o então imbatível Barcelona, que pelo Chelsea foi batido, com golaço de Ramires e homem a menos no segundo jogo. Quem acreditaria se contassem, antes?

Os "12 Trabalhos de Hércules" do Chelsea ainda estava em sua sétima façanha quando foi pegar desfalcado o poderoso Bayern no jogo único final. Em Munique (que azar, Chelsea).

Tomou o gol a 7 minutos do fim. Empatou. Fez pênalti bobo na prorrogação. Goleiro defendeu. Saiu atrás na loteria das cobranças. Virou.

Até a tecnologia conspirou para fazer dessa final especial para o Chelsea e para mim. Vi o jogo numa dessas transmissões em cinema, óculos 3D na cara. Peleja acabando, Bayern 1 x 0, escanteio para o Chelsea. A câmera 3D escolhida para pegar o lance foi uma meio de cima, atrás do gol. Parecia que eu era uma mosca, sobrevoando o jogo quase em cima da trave.

Aí a bola é cruzada e o Drogba cabeceia. Levei dois sustos: porque a bola pareceu vir em minha direção e depois porque foi gol.

Incrível. Inacreditável. Impossível. Só que não.

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