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Juca Kfouri

Tráfego pesado

A maior empresa de marketing esportivo do país sofre com a incerteza e o fim dos privilégios

DURANTE DUAS décadas, a Traffic deu as cartas no futebol brasileiro, fruto de seu ótimo relacionamento com o comando da CBF, o que rendeu fortuna e poder aos parceiros.

A CPI da CBF/Nike, no começo dos anos 2000, fraturou o casamento, embora fosse mantido pelo conforto da relação.

Ricardo Teixeira não perdoou ter se saído tão mal na CPI, e J. Hawilla, o dono da Traffic, tão bem, exatamente por não defender o cartola.

Hawilla foi o responsável pela entrada da Nike na CBF e, ao contrário de Teixeira, tinha explicações convincentes ao ser ouvido.

De lá para cá, a Traffic foi vítima de megalomania e deu passos maiores que as pernas.

A entrada no futebol dos Estados Unidos, onde comprou o Miami FC, e em Portugal, numa pesada parceria com o Estoril; a construção de luxuoso centro de treinamento para o clube-empresa Desportivo Brasil, em Porto Feliz, a 120 quilômetros de São Paulo; as parcerias com Palmeiras e Flamengo -Ronaldinho Gaúcho incluído. Tudo isso, mais a perda de torneios da Conmebol e da CBF, levou a empresa a fazer dramática redução no quadro de funcionários, com a queda de seu principal executivo e as inevitáveis ações trabalhistas que decorrem desse tipo de reengenharia.

Além do mais, a incursão em jornais pelo interior de São Paulo e, principalmente, a compra do "Diário de São Paulo", na capital, resultaram em pesados prejuízos.

Não fossem as quatro lucrativas emissoras de TV, repetidoras da Rede Globo, que possui em regiões ricas como São José do Rio Preto, Bauru e Sorocaba, a situação da Traffic seria crítica.

Para piorar, boa parte da esperança no reerguimento do grupo está posta na venda de pacotes VIP para as Copas das Confederações e do Mundo no Brasil.

Só que também aí as coisas não correm como se imaginava, dadas as incertezas sobre quantas e quais serão as cidades-sedes das Copas, que dificultam a venda antecipada de pacotes com a agressividade desejável.

O gigantesco grupo francês Lagardère, que andou interessado em absorver a Traffic, desistiu do negócio depois de auditar seus números.

Resta apostar na reconstrução das relações com a nova (?) CBF, hipótese bastante provável.

Mas Hawilla sabe que seu ex-sócio, Kleber Leite, da Klefer, já ficou com a melhor parte, e por bom tempo, dos contratos da CBF, cama que Teixeira deixou pronta antes de fugir para Boca Raton.

blogdojuca@uol.com.br

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