Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Festa Secreta

Voluntária brasileira que vai dançar na abertura de Londres-2012 conta detalhes da cerimônia e diz que está proibida de engordar e cortar o cabelo

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES
EMILIANO CAPOZOLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

Uma voluntária brasileira que participará como dançarina da esperada cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, no dia 27 de julho, contou à Folha alguns detalhes do que o público verá no estádio e de sua rotina de preparação.

A cerimônia será dirigida pelo cineasta britânico Danny Boyle, 55, e está envolta em sigilo. Todos os mais de 10 mil participantes ligados ao espetáculo assinaram um contrato de confidencialidade -razão pela qual a brasileira prefere não se identificar, temendo sua expulsão do evento.

De acordo com ela, que tem 26 anos, o diretor avisou em um dos primeiros ensaios que sua prioridade é o espectador que assistirá à cerimônia pela televisão, deixando em segundo plano os pagantes que irão ao Estádio Olímpico.

"O Boyle disse que teremos algo como 'cinema ao vivo', que a cerimônia vai 'parecer ser', porque é voltada para 1 bilhão de telespectadores", explicou a voluntária.

Ainda de acordo com ela, o cineasta eximiu de responsabilidade os voluntários.

"Se vocês errarem, a culpa é minha", afirmou o diretor durante um dos ensaios.

Boyle também tenta atenuar as comparações com o grandioso espetáculo promovido nos Jogos de Pequim,

em 2008, dizendo que não

será possível competir com

o que foi visto na China.

A brasileira se inscreveu para participar da abertura dos Jogos em maio do ano passado e passou por um rigoroso processo de avaliação, que incluía apresentações livres e de passos solicitados pelos examinadores.

Não há remuneração para participar da cerimônia. O único benefício recebido pelos voluntários é um cartão para uso no transporte em Londres com carga de 50 libras -valor que, segundo

ela, é insuficiente para arcar com os custos de deslocamento para os ensaios.

Os trabalhos começaram em abril deste ano e acontecem aos domingos, das 9h às 14h, com dois ou três pequenos intervalos. Só há café, água e chá à disposição dos envolvidos nos ensaios.

A partir de junho, a rotina será intensificada, e chegarão a 24 reuniões no total, contando inclusive com treinos de movimentação das equipes no Estádio Olímpico. Duas faltas são o limite para não ser expulso da equipe.

A brasileira integra um grupo de 500 pessoas que dançará em estilo hip hop passagens relativas aos anos 1980 e 1990 na cultura britânica. Naquelas décadas o país revelou bandas populares e diversificadas como The Smiths, Oasis e Spice Girls.

Desse modo, revela-se alguma preocupação cronológica com a apresentação.

A participação desse grupo, incluindo deslocamentos, terá 30 minutos no espetáculo, que deverá chegar a três horas de duração no total.

Como tática para manter o sigilo, os dançarinos praticam uma música diferente a cada ensaio, embora tenham uma noção de qual deve ser a canção que será executada durante a abertura.

A coreografia final já foi enviada aos participantes por

e-mail, para que possam praticá-la também em casa. A brasileira não quis revelar detalhes envolvendo as músicas e suas coreografias.

Os organizadores já tiram as medidas da brasileira para a confecção de suas roupas e adereços, razão pela qual ela conta que os responsáveis pela cerimônia pediram aos participantes que não engordem nem emagreçam até o início dos Jogos.

Até mesmo mudanças nos cabelos também foram proibidas para os voluntários que irão se apresentar.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.