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Torcedores aceitam jogadores gays
FUTEBOL DE SÃO PAULO O senso comum de que o futebol é um ambientes hostil para homossexuais parece não ser mais verdadeiro. Uma pesquisa publicada em maio no "British Journal of Sociology" constatou que 93% dos torcedores aceitariam um jogador assumidamente gay em seus times. O estudo foi conduzido por dois professores da Universidade de Staffordshire e baseado em um questionário respondido de forma anônima por 3.500 pessoas na internet. O resultado, apontado como surpreendente pelos autores, "sugere a existência de uma cultura mais liberal e permissiva" entre os fãs. Apesar de registrar a participação de voluntários de 35 países, a base era de torcedores de times britânicos: 85% dos que responderam. "Isso demonstra um avanço da sociedade britânica", diz a professora Heloisa Helena Baldy dos Reis, especializada em sociologia do esporte da Unicamp. Ela, porém, não discorre com o mesmo otimismo sobre a situação no Brasil. "Estamos distante disso", afirma. "A homossexualidade é motivo de ofensa no futebol. Os cânticos tentam ofender rivais pela sexualidade", lembra a professora. "O futebol é o último bastião do macho", define. Segundo Heloisa, o ambiente atual não aceita esse tipo de revelação. "É um reduto de masculinidade, que não pode ser ameaçado pela presença feminina ou pela de homossexuais", completa. A professora, entretanto, crê numa mudança nessa mentalidade, mesmo que seja um processo demorado. "O Brasil demonstra um atraso, mas o debate da sexualidade já foi incorporado pelas escolas, que têm que lidar com essa diversidade." MERCADO A mudança de comportamento com relação à presença de homossexuais no futebol não fez com que jogadores assumissem ser gays. A resposta, segundo a pesquisa da universidade inglesa, está no conservadorismo dos clubes de futebol e dos agentes, mais preocupados com as consequências financeiras deste tipo de ato. "Mesmo sob a luz desta descoberta, apenas um jogado na história do futebol britânico assumiu ser homossexual [Justin Fashanu, no começo da década 1990, que se suicidou em 1998]", diz Jamie Cleland, um dos autores. "Torcedores culpam os empresários com medo de perder comissões. É o mercado que controla o futebol que proíbe os gays de se assumirem", conclui Cleland. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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