Ronaldinho 'jogou' como nunca no Fla

No Flamengo, Ronaldinho, 32, criou uma nova espécie de "chinelinho", apelido dado a jogadores de futebol que sempre têm uma justificativa para não treinar e jogar.

Na sua passagem pela Gávea, encerrada por ele de forma unilateral anteontem, o meia-atacante entrou em campo para partidas oficiais como nunca na sua carreira profissional. Mas também faltou ou apenas fez figuração em dezenas de treinos.

Desde sua estreia no Flamengo, no início de fevereiro de 2011, Ronaldinho fez 72 jogos oficiais pelo clube, ou 80% dos compromissos da equipe nesse período.

E não foi por culpa de contusões que ele ficou fora da maioria esmagadora dos outros 20%. O camisa 10 desfalcou o clube por causa de convocações para a seleção, suspensões ou por opção do próprio clube, como no Estadual deste ano, quando o então técnico Vanderlei Luxemburgo priorizou os treinos para a Libertadores da América.

Nem no seu auge no Barcelona, em meados da década passada, Ronaldinho era tão assíduo nos jogos oficiais.

Seu recorde no clube catalão aconteceu na temporada 2006/2007, quando entrou em campo 49 vezes para partidas válidas por torneios.

Mas o desleixo nos treinos -insônia e problemas intestinais foram as desculpas mais frequentes por sua ausência- ficou evidente na produção de Ronaldinho.

O melhor campeonato como parâmetro para mostrar os efeitos da situação de muitos jogos e poucos treinos foi o Brasileiro do ano passado, quando o camisa 10 ainda teve seus melhores momentos, a ponto de o fazer voltar para a seleção brasileira.

Segundo o Datafolha, Ronaldinho não apareceu nem entre os 20 maiores dribladores da competição. Foram justamente as fintas que o transformaram em ídolo mundial.

Na hora de procurar um companheiro para passar a bola, os jogadores do Flamengo preferiam Thiago Neves e Leonardo Moura a Ronaldinho no último Nacional.

Com reflexos cada vez mais lentos, o meia-atacante foi o recordista de bolas perdidas de sua ex-equipe

Ainda fez feio na parte disciplinar. Foram três jogos de suspensão por causa de amarelos e outro por expulsão.

Ao jogar tanto mesmo sem estar fisicamente preparado, Ronaldinho não seguiu o caminho de outros astros que voltaram ao Brasil depois de longos períodos no exterior.

Na sua passagem pelo Corinthians, Ronaldo disputou praticamente a metade dos jogos oficias do clube.

Tanto Luxemburgo quanto Joel Santana, os técnicos que Ronaldinho teve no Flamengo, não tiveram a coragem de colocá-lo no banco, ao contrário dos treinadores de Rivaldo no São Paulo.