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Teixeira recebeu de presidente do Barça

CBF Sócios da Ailanto, suspeita de desviar dinheiro de jogo do Brasil, deram R$ 705 mil a ex-cartola da entidade

FILIPE COUTINHO
LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira recebeu R$ 705 mil dos sócios da Ailanto Marketing, empresa acusada de desviar dinheiro público do amistoso da seleção contra Portugal, em 2008. É o que mostram documentos inéditos em mãos do Ministério Público do Distrito Federal aos quais a Folha teve acesso.

A história começa em julho de 2008. No dia 2 daquele mês, Sandro Rossell, atual presidente do Barcelona, amigo de Teixeira, assumiu o controle da Ailanto juntamente com Vanessa Precht. Promotores suspeitam que a empresa é de fachada, montada só para realizar o jogo.

Na mesma época, o dirigente do Barcelona fez dois repasses de dinheiro a Teixeira -em 20 de junho e 4 de julho. Foram registrados como empréstimo em um valor de R$ 500 mil. Pelo menos até 2010, segundo o Imposto de Renda de 2011 de Rossell, o dinheiro não foi devolvido.

Logo depois do repasse a Teixeira, a Ailanto foi contratada, sem licitação, pelo governo distrital para organizar o amistoso da seleção no final daquele ano. Para isso, utilizou R$ 9 milhões em recursos do Distrito Federal.

No ano seguinte, em março, a outra sócia da Ailanto, Vanessa Precht, assinou contrato de arrendamento de uma fazenda de Teixeira. Ele deveria receber R$ 600 mil.

Novos documentos obtidos pela Folha -incluindo sete cheques nominais dela para Teixeira -mostram como parte do dinheiro foi pago.

Segundo o Imposto de Renda de Vanessa, ela deu ao ex-cartola da CBF R$ 90 mil em 2009 e R$ 115 mil em 2010.

Cada cheque dela para Teixeira tinha valor de R$ 10 mil, o mesmo que recebia de salário líquido da Ailanto. Todos esses documentos só puderam ser obtidos por conta de um inquérito policial de 2010.

A investigação mostrou que não houve planilha de custo para justificar toda a verba pública à Ailanto.

A polícia encontrou indícios de superfaturamento em despesas do jogo, como transporte aéreo e hospedagem. A empresa informou ter gasto R$ 1,2 milhão com o avião fretado da seleção portuguesa, mas o recibo obtido pela polícia é de R$ 650 mil, segundo revelou o inquérito.

A Ailanto ainda é acusada de desviar R$ 1,1 milhão em gastos não executados pela empresa. Diversos itens declarados como despesa foram cobertos pela bilheteria.

Com essas provas, em 2011, a polícia realizou busca e apreensão nos escritórios da empresa, no Rio. Foi quando encontrou as provas de pagamentos para Teixeira.

Ao mesmo tempo, começaram a surgir indícios da ligação do ex-dirigente com a Ailanto. O envolvimento de Teixeira ficou ainda mais claro no início deste ano com a publicação de contratos e pagamentos feitos ao cartola.

Pressionado no Brasil e acuado também pelo caso de corrupção Fifa/ISL, na Suíça, Teixeira renunciou à presidência da CBF em março passado alegando problemas de saúde. Vive em Miami agora.

O ex-governador do DF José Roberto Arruda, responsável pela contratação da Ailanto, já estava afastado desde 2010 por outros casos de corrupção. Até agora, o Ministério Público do DF constatou que a Ailanto foi contratada sem licitação, "agiu com ânimo fraudulento" e não pagou todas as despesas acordadas.

A empresa já é ré em ação de improbidade para devolver os R$ 9 milhões dados pelo governo do DF. E promotores analisam os documentos apreendidos para decidir se moverão uma ação criminal.

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