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Edgard Alves

Imprevidência

O déficit da CBB foi de R$ 2,6 mi, maior que anos anteriores, mas a receita da entidade cresceu

"Fechando esta análise, se a CBB fosse uma empresa privada, estaria em situação falimentar, ou seja, ou já estaria de portas fechadas ou se encaminhando para isto. Não vou entrar no mérito se a gestão esportiva é boa ou não, não sou especialista na área, mas, com certeza, a gestão financeira está muito, mas muito a desejar."

Essa conclusão é de Jorge Eduardo Scarpin, professor e doutor em ciências contábeis e administração, que, atendendo pedido do blogueiro Fábio Balassiano, analisou o último balanço financeiro, o de 2011, da Confederação Brasileira de Basquete. Está tudo no UOL (http://balacesta.blogosfera.uol.com.br/tag/balanco-financeiro/), empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha. Levei "um baita susto" ao ler o documento.

Chocante.

Trata-se de situação delicada porque o governo brasileiro é o grande "cartola do esporte nacional" (como bem definiu o blogueiro José Cruz, do UOL), e que, no caso do basquete, ano passado, bancou R$ 17 milhões, ou seja, 72% do faturamento de R$ 25 milhões da CBB. Só da Eletrobras foram R$ 12,4 milhões, teve ainda Lei Piva, Lei de Incentivo e convênio com o Ministério do Esporte. Uma mina a ser explorada pela fiscalização governamental, e até mesmo pelos patrocinadores privados, correto?

O déficit total da CBB foi de R$ 2,6 milhões, bem maior do que nos anos anteriores. Isso costuma ocorrer quando aumenta o gasto e diminui a arrecadação, mas a receita da CBB avançou no sentido contrário, ou seja, cresceu. Três pontos chamam a atenção: pagamento de juros bancários de R$ 1,2 milhão, valores em caixa e despesas administrativas de R$ 11,5 milhões. A CBB custa quase R$ 1 milhão por mês, sem considerar os gastos com eventos propriamente ditos e tendo competições nacionais adultas bancadas por ligas. Apesar disso, os gastos do setor passaram de R$ 1,4 milhão em 2010 para R$ 5,6 milhões em 2011..

A entidade também corre o risco de ter o encargo de outras dívidas, como a da ação cível da Champion Products Europe Ltda referente a um contrato preliminar de patrocínio, firmado no último dia de 2008, que está na casa dos R$ 4,1 milhões.

E o basquete ainda convive com trapalhadas. Recentemente, as seleções brasileiras femininas sub-17 e sub-18 foram treinar em Orlando, nos EUA, etapa na qual aproveitariam toda a estrutura oferecida pela USA Basketball. O detalhe é que viajaram apenas 11 atletas, ou seja, menos da metade do que seria o indicado. Motivo: as demais jogadoras não embarcaram por falta de visto americano. Dá para acreditar?

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