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Polícia usa bala de borracha contra vândalos

UIRÁ MACHADO
EM VARSÓVIA

Esperava-se uma batalha. E, de fato, torcedores da Polônia e da Rússia usaram o futebol como pretexto para reavivar o longo histórico de conflitos entre os dois países.

Antes, durante e depois da partida válida pela primeira fase da Eurocopa, grupos de hooligans e ultranacionalistas brigaram numerosas vezes e em diferentes lugares de Varsóvia. Suas ruas foram tomadas por dezenas de milhares de torcedores.

A tropa de choque, espalhada ostensivamente pela capital polonesa, não conseguiu evitar os confrontos sangrentos, mas foi capaz de interrompê-los rapidamente.

Nos casos mais graves, lançou mão de balas de borracha e gás lacrimogêneo para conter os vândalos.

Com a briga apartada, sobravam pelas ruas feridos, garrafas quebradas e, para os que estavam perto, uma terrível dificuldade para respirar.

Jornalistas e torcedores pacíficos -que eram a maioria em Varsóvia- se punham a tossir, cobrindo o rosto e correndo para fugir do gás.

Em seguida, em um roteiro repetido várias vezes ao longo do dia, brutamontes carecas ou encapuzados atiravam garrafas nos policiais.

Eram poloneses descontentes com a proteção oferecida aos torcedores russos.

Muitos poloneses se sentiam no direito de brigar. Os russos haviam anunciado uma marcha por Varsóvia em direção ao estádio do jogo. Seria em comemoração a um feriado nacional russo.

É como se argentinos decidissem marchar pela avenida Paulista, em São Paulo -só que muito pior.

A Polônia viveu sob a influência da então União Soviética até os anos 1980.

O pano de fundo histórico só intensificou o grau da violência. Perto da Fan Zone, área onde cerca de 100 mil pessoas acompanharam o jogo em telões, uma esquina ficou banhada de sangue após um dos confrontos mais intensos e demorados.

Apenas esse confronto, para quem o viu, é suficiente para colocar em dúvida o numero de feridos divulgado oficialmente.

Em regiões mais nobres também houve briga.

No bairro boêmio de Varsóvia, por exemplo, um grupo de poloneses atacou um russo desavisado, que parece ter dado o azar de ser o primeiro na frente dos brigões.

Após o jogo, com o empate por 1 a 1 bastante celebrado pelos poloneses, o clima esfriou um pouco. Mas não a ponto de livrar a cidade da presença da tropa de choque ou da fumaça quase constante do gás lacrimogêneo.

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