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Reviravolta

Em meio a crise econômica, decepções e futebol manchado por escândalos, Espanha e Itália decidem título por alegria rara

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Crise econômica, greves, atrasos nos torneios nacionais, escândalos de corrupção, decepção com times.

Os torcedores de Espanha e Itália teriam incontáveis motivos para querer apagar da história esta temporada.

Se não fosse a Eurocopa.

As duas últimas campeãs mundiais se encontram hoje em Kiev, na Ucrânia, para decidir quem completa a transformação da água em vinho.

Ganhar a Euro para os espanhóis significará fazer da Fúria, que até quatro anos atrás era conhecida por amarelar nos momentos decisivos, a maior campeã de todo o continente, ao lado da Alemanha, com três títulos.

Será ainda a primeira seleção a faturar duas edições consecutivas do torneio. E ainda com a saborosa vitória na Copa-2010 como recheio e a sensação da construção de uma hegemonia no planeta.

Já para a Itália, que só foi campeã continental em 1968, será a prova prática de que o futebol do país não é tão decadente quanto se imagina.

A equipe está envelhecida, sente falta de jogadores mais talentosos e não dá sinais de um futuro promissor. Mas já é assim há tempos. E, mesmo nessa linha de trancos e barrancos, continua vencendo.

Ser campeão europeu também significará dar alegria, ainda que momentânea, a povos que sentem na pele os efeitos da crise econômica.

Os países finalistas estão entre os mais afetados pelo efeito dominó que devastou as finanças do continente.

O desemprego atinge quase 25% da população espanhola, e a Itália possui uma gigantesca dívida pública, que equivale a 120% do seu PIB (Produto Interno Bruto).

Os reflexos da crise levaram os jogadores que atuam nas duas nações a decretarem uma greve às vésperas do começo da temporada que se encerra hoje.

A primeira rodada do Espanhol precisou ser adiada. O início do Italiano só aconteceu duas semanas depois do previsto no calendário.

Com a temporada em andamento, vieram mais baques. O Calcio descobriu que o esquema de armação de resultados para favorecer apostadores ilegais que parecia restrito às divisões inferiores alcançava também o capitão da Lazio e o técnico campeão nacional com a Juventus.

Na Espanha, as armações, por enquanto, estão só no campo das acusações. A rádio Cadena Ser denunciou que pelo menos dois jogos da reta final da primeira divisão foram manipulados e estão sob investigação da Uefa.

A decepção também aconteceu dentro de campo. Os espanhóis que imaginavam um épico Barcelona e Real Madrid na final da Copa dos Campeões tiveram que se contentar em assistir a uma decisão local na Liga Europa.

Os italianos nem esse consolo tiveram. O Milan, seu representante de melhor campanha nas competições continentais, caiu nas quartas de final da Copa dos Campeões.

Mas, para a torcida que puder comemorar o título europeu na tarde de hoje, noite na Ucrânia, 2011/12 será lembrada como uma das melhores temporadas da história.

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