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Fervendo

Com 'adrenalina a milhão', Tite se apega a rituais e rotina para controlar ansiedade antes de disputar sua primeira finalíssima de Libertadores

LUCAS REIS
MARTÍN FERNANDEZ
DE SÃO PAULO

Tite, 51, caminha sozinho pelo campo vazio do CT do Corinthians. Chuta bolas, olha para o chão e para o céu, respira e fecha os olhos. Em pouco mais de 48 horas ele poderá ser o treinador que, enfim, dará ao Corinthians o troféu da Libertadores.

"Eu estou fervendo, a adrenalina está a milhão. Nós somos humanos", disse ontem, na última entrevista antes da final contra o Boca Juniors, amanhã, no Pacaembu.

"Só de falar já começa a revirar o estômago", brincou.

Novo empate leva a decisão para a prorrogação e quem vencer será o campeão. Os ingressos estão esgotados.

E ninguém parece estar tão ansioso para a decisão no Pacaembu quanto o treinador.

Como ele diz, já queimou na carne e lambeu feridas nas outras seis edições disputadas do torneio continental. Assim como o Corinthians, esta é sua primeira decisão, e Tite exibe no semblante a pressão dos torcedores.

"Não podemos pensar naquilo que o jogo poderá nos trazer. Temos que ficar concentrados no trabalho e nas ações do jogo", afirmou.

"É fundamental manter a naturalidade, fazer o que tu sempre fez, responder as perguntas do mesmo jeito, seja com dois ou com 150 repórteres", disse o treinador, para uma sala cheia de jornalistas.

Mas o discurso equilibrado, a fuga das respostas polêmicas e a polidez em quaisquer circunstâncias escondem a tensão de Tite.

Entre os funcionários do clube, é conhecido pela pilha: em jogos importantes, ele só fica um pouco mais calmo horas após a partida.

E segue um ritual: sozinho, ora nos vestiário, conversa com a mãe, esposa e filhos e espera passar a adrenalina.

Às vezes demora mais de uma hora para falar com jornalistas. No empate contra o Boca Juniors, só deu entrevista no dia seguinte, no hotel.

E, após os jogos, a impressão é que ele esteve em campo, tamanho o esgotamento.

"Caipirinha? Tomara que eu tenha condições de responder na quinta-feira [após o jogo]", brincou sobre o drinque preferido para o pós-jogo. Tomou a bebida após eliminar o Santos.

Contra o Vasco, nas quartas de final, foi expulso por reclamação. Ficou na arquibancada cercado por câmeras que registraram o malabarismo que costuma fazer enquanto correm os atletas.

"Tenho minha autoestima, e todos devemos ter. Mas não brinco e não mexo com a vaidade. Pra vencer, não existe o cara", afirmou, quando questionado a falar sobre seu papel no eventual título.

Às vésperas da decisão, Tite contou que recorre à família para baixar a pilha. "Menor exposição pública possível", disse. E namorar?

"Vou dar uma fugida em casa para administrar a ansiedade. Fico fazendo computação, converso com meus filhos. Mas namoro não dá para abrir mão, não."

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