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Fiéis

Par ver o Corinthians jogar na Libertadores, torcedores até se trancam por horas em banheiro

LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

Ali, na arquibancada, cada rosto e voz se une ao rosto e voz do lado para que tudo pareça uma coisa só.

Uma a uma, porém, as histórias diferem. Há os fanáticos, os críticos, os racionais, e até aqueles que mal sabem o que estão fazendo ali.

Existem também os loucos, que só admitem uma opção: estar no estádio, cantando pelo time, como for. No Corinthians tem muito disso.

É preciso aproveitar a chance quando uma porta se abre a frente, literalmente.

Foi o que fez o publicitário Alexandre Barros, 33, quando os ingressos para o primeiro jogo das semifinais da Libertadores, contra o Santos, na Vila, já tinham se tornado item para colecionadores.

Esperançoso de conseguir um bilhete, foi ao estádio com o sonho de desembolsar bom dinheiro com um cambista. Ainda era meio-dia.

"Mas o lugar estava deserto. Foi quando eu vi um pessoal de uma emissora de TV levando cabos para dentro da Vila por um dos portões", conta. "Era a minha hora."

Munido da cara de pau necessária para o feito, passou pela entrada escancarada. Com trajes "civis", passeou pela Vila sem ser incomodado até ver um banheiro.

"Entrei, parecia mais seguro", lembra Barros. Foram mais de três horas trancado em uma das cabines. "Eu fiquei mandando mensagens para uns amigos meus. Ninguém estava acreditando."

Por volta das 18h30, Barros deixou o banheiro e buscou o setor dos visitantes na Vila.

Foi quando sua presença finalmente foi percebida.

"Quando entrei ouvi os funcionários falando sobre um tal Paulo Reis, parecia um cara influente. Anotei o nome no meu celular."

Antes de o segurança abrir a boca, Alexandre perguntou sobre o tal Paulo. "Ele, na hora, falou com alguém no rádio e disse em qual portão estava essa equipe. Agradeci e me dirigi até o lugar, que era do lado do setor corintiano. Foi um alívio ver a torcida entrar, finalmente", admite.

A solidão que acompanhou Barros boa parte deste dia, em Santos, foi a que salvou o empresário Róger Campos, 30, no Equador.

"No exterior você nunca sabe o que te espera", afirma. Foi no escuro que ele chegou ao estádio do Emelec para ver a ida das oitavas de final: sem ingresso, em cima da hora.

"Peguei um táxi, um baita trânsito. Troquei por um mototáxi. Cheguei e as bilheterias já estavam fechadas."

Procurou um policial. "Contei a dificuldade de chegar. Ele falou para eu ficar ali, do lado dele na catraca, que quando alguém magrinho passasse, eu ia junto", surpreendeu-se. "Dito e feito."

"Era uma loteria. Podia chegar lá, bater a cara e ter que voltar, como já aconteceu", diz ele, que gastou cerca de R$ 15 mil para ver o Corinthians também no México, no Paraguai e na Argentina.

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