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Povo

Com ingressos esgotados, 28 mil corintianos pagam até R$ 60 para assistir à decisão em telões no Anhembi e comemorar o título com trio elétrico e bandas

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

A duas horas da final do campeonato, um torcedor desfilava com a faixa de campeão da Libertadores-2012 no Anhembi. Dizia ter certeza do título. Estava isolado. A maioria estava ansiosa para ver o que ocorreria na partida.

Essa imprevisibilidade era o que diferenciava o evento, organizado pelo Corinthians para a torcida assistir ao duelo, de um show de música de grande porte.

Havia camarotes, pista VIP e o espaço do povão, balões promocionais, faixas padronizadas e seguranças com a camisa "Support" (apoio).

Havia um trio elétrico desses de ensurdecer quem passa ao seu lado, bandas de sertanejo, pop, axé e rock, cerveja e fogos.

Havia rodas de torcedores que simulavam se bater como em shows de rock, uma ânsia do público para ser enquadrado pelas câmeras de TV ali presentes e garotas com acesso a espaços nobres.

Mas faltavam os astros do show, que estavam no Pacaembu para disputar o duelo a ser visto em três telões com imagem em alta definição. A promessa era que, com o título, os atletas iriam festejar ali -não haviam chegado até a conclusão desta edição.

E cerca de 30 mil torcedores foram ao Anhembi. Foram vendidos 28 mil ingressos até pouco antes do jogo, a preços entre R$ 20,00 e R$ 60,00.

Torcida que protagonizava cenas inusitadas, como cantar e agitar as mãos acima da cabeça virada para um telão fora do ar, como aparelhos de TV que perdem o sinal.

Mas, se o telão funcionou no jogo, a torcida se calou. Foi no início da partida que o público do Anhembi passou a agir diferente da torcida no Pacaembu. Abraçados, em posição de reza ou só com os corpos tensos, eretos, concentravam olhos nos telões.

Ironia, antes do jogo, a maioria dizia à reportagem estar ali para torcer junto, sentir o clima do estádio. Mas, iniciado o jogo, era a alta resolução das imagens que mais atraía o público.

Manifestações no primeiro tempo só em lances raros de ataque corintiano. De resto, pulos, gritos, mãos abanando para reclamar de erros e aplausos às divididas.

"O pessoal está muito tenso", definiu uma menina de minissaia, mais relaxada.

Mas a maioria preferia a tensão, tanto que até o consumo de cerveja era moderado. Os vendedores no meio da torcida -e com preços de R$ 5,00 por copo- ficaram ociosos a maior parte do tempo durante a partida. Comprava-se mais no intervalo.

Mas foram esses copos que voaram pelo ar quando Emerson fez o gol corintiano. O líquido transformou a festa em um Carnaval na chuva.

E a bateria acordou com o canto da torcida. Corpos e gargantas relaxaram.

Quando saiu o segundo gol, já houve quem começasse a chorar sozinho, com as mãos no rosto. Uns ajoelhavam, outros corriam, movimentos incontrolados, como uma dança sem coreógrafo.

Ou um cinema em que Emerson fez o papel de Charles Chaplin. O telão mostrava em detalhes cada gesto provocador dele aos argentinos, acompanhado de muitas risadas dos corintianos.

O evento do Anhembi, imprevisível antes do jogo, encontrou o final feliz nos cantos, abraços e fogos. Agora, a maioria já tinha suas faixas de campeão no peito.

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