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Cofres abertos

Presidente do Corinthians diz que atletas serão mais valorizados após o título e pede calma com Romarinho

LUCAS REIS
MARCEL RIZZO
DE SÃO PAULO

Mário Gobbi, 50, o primeiro presidente do Corinthians a conquistar a Libertadores, desdenhou do torneio durante todo o semestre. E continua a minimizá-lo.

"Eu dizia que o Corinthians é maior que a Libertadores, e é maior mesmo", disse ontem, em entrevista à Folha.

Ele contou como foi o plano de diminuir a importância do campeonato para tirar a pressão dos jogadores. Disse também que os atletas, e

principalmente o técnico Tite, serão financeiramente mais valorizados nas renovações de seus contratos.

Mas pede calma com Romarinho, o ídolo-relâmpago.

"Ele é uma promessa, vamos devagar. A mão que hoje o aplaude é a mesma que amanhã vai atirar pedras nele", declarou o cartola.

Reforços para o Mundial virão -ele não confirma, mas a prioridade número zero é trazer um centroavante.

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Folha - O Corinthians encerrou o estigma de sofredor?

Mário Gobbi - Não existe bem que sempre dure nem mal que nunca acabe. Na década de 70, não se falava em Libertadores no Corinthians. Em 80, também não. No final da década de 80, o Corinthians buscou o título brasileiro, que veio em 90, quando aí sim o time passou a buscar a Libertadores. Foi um tempo de espera, mas tudo acaba.

Como foi a estratégia para minimizar a pressão pelo título?

Todo mundo só pensava em Libertadores e criou-se uma pressão insuportável para trabalhar. Internamente, nós a priorizamos, trabalhamos alucinadamente para vencer, mas externamente estava proibida essa palavra. Então tentei fazer o torcedor entender que o Corinthians é maior que a Libertadores. E é maior mesmo.

Foi o maior título da história do clube?

Difícil dizer se foi o maior. Tem o Mundial antes disso. Cada um tem um sentimento. Em 77, o título encerrou uma fila, e a Libertadores iniciou uma nova fase de evolução. Mas acima da Libertadores está o Mundial, com certeza.

Até Lula fez um apelo para que o time não se desmanche...

Desmanche não vai ter. Tem o caso do Castán, que quis sair [jogará na Roma]. O chamamos para oferecer um contrato à altura do patamar dele, mas ele quis sair por um projeto pessoal, nem quis ouvir nossa proposta. Teve uma proposta do Alex, dos Emirados, que recusamos. Estava fora do que a gente acha que ele vale. O Paulinho, ao contrário do Castán, não quer sair, ele vai permanecer. O Willian é só de terceiros, [sair] depende mais dele do que do Corinthians. Não tem mais proposta de nenhum jogador. E toda peça que por acaso sair vai ser reposta. E jamais perder mais de um jogador por posição. No Corinthians, ninguém nunca precisou pedir aumento. Quando o jogador muda de patamar, a diretoria o chama e o reconhece.

Então o Romarinho já ganhou um aumento?

Você não pode comparar o patamar do Castán com o patamar do Romarinho. O perigo é que se cria uma coisa, depois não se sabe se confirma. O Corinthians está fazendo um trabalho a nível social, preparando o Romarinho. É uma promessa, mas vamos devagar. Ele tem que acontecer, ser titular. Faremos um trabalho educativo. O Viola marcou aquele gol [no Paulista de 1988] e ficou três anos sendo um jogador de um gol só.

E agora você tem um time e um técnico que, com o título, mudaram de patamar...

Nenhum clube oferece a um jogador o que o Corinthians dá. Ninguém no elenco está fora do padrão do clube, todo mundo está no patamar dele. E quem não estiver, vamos corrigir. Em que pese ter contratos, mas trabalhamos meritoriamente. Garanto que os jogadores têm uma posição muito especial.

O salário do Tite é menor do que os de alguns colegas.

Não gosto de comparar. É claro que todos, na renovação de contrato, serão valorizados, não tenha a menor dúvida. O Tite foi valorizado na renovação de contrato dele. O quanto, não se sabe se foi justo ou injusto. Mas na hora de rever [o contrato do técnico, que acaba em dezembro], vamos reparar e chegar no patamar em que ele está hoje.

O Mundial já é a prioridade?

Vamos conversar, ver as necessidades do treinador, reforçar. Queremos ganhar o Brasileiro e o Mundial. Vamos ver como vai estar lá na frente, aí decidimos [qual torneio priorizar]. Se tivesse que decidir às vésperas [do Mundial], buscaríamos o Mundial.

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