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Juca Kfouri

Mais colorido

Além de o mais charmoso, nada brilha tanto como o Maracanã em dia do centenário clássico Fla-Flu

O PRIMEIRO Fla-Flu, como se sabe, foi num dia 7 de julho de 1912.

O que marcou o centésimo aniversário do clássico, o de número 390 na história (Flu 1 a 0), deveria ter sido no sábado, isolado de todos os demais jogos pelo país afora, com toda a pompa e a circunstância que merece.

Mas seria exigir demais da cartolagem nacional que, no entanto, por menos que faça, não é capaz de empalidecer a grandeza da efeméride.

E se o primeiro Fla-Flu terminou com a vitória tricolor por 3 a 2, mesmo desfalcado da maioria de seus titulares que foram fundar o rubro-negro, o que mais me marcou foi o que decidiu o Estadual do Rio de 1995, apesar daquele já aludido por

Tostão, com quase 200 mil torcedores (194.603 presentes), em 1963, cujo 0 a 0 valeu o título ao Flamengo.

Em outro 3 a 2 para o Flu, o jogo de 1995, o do célebre gol de barriga de Renato Gaúcho que tomou a taça do Fla em seu centenário, vi materializada pela primeira vez a expressão boquiaberta, quando, literalmente, minha mulher ficou de boca aberta ao entrar no Maracanã na ensolarada tarde do dia 25 de junho.

Subimos do estacionamento do estádio pelo apertado elevador que dava acesso às tribunas. Percorremos o estreito corredor que levava à entrada do setor, sem nenhuma visão das frenéticas arquibancadas.

Deixei-a propositalmente para trás uns cinco passos e virei-me quando ela teve a primeira visão. E vi sua boca se abrir, seu queixo cair, extasiada.

Nada no mundo tem aquele colorido, do preto e vermelho misturado com o branco, grená e verde. Eu vi o jogo, não só porque era o meu trabalho como porque não era o meu primeiro Fla-Flu, cujo, por sinal, não sei dizer qual foi. Mas o dela, que passou o tempo todo de olhos pregados na torcida, primeiro único, transformou-se no meu predileto. Ontem, o palco foi o Engenhão e, provavelmente, quando o Maracanã voltar a receber o clássico, a cena só poderá se repetir em menor escala, nunca mais com 109.204 pagantes. Preço que a tradição e a saudade pagam à modernidade.

O clichê, verdadeiro, é tratar o Fla-Flu como o mais charmoso do Brasil. Mas, não só, porque é também o mais esfuziante, o mais colorido, aquarela do Brasil.

Vida eterna ao Fla-Flu, que nasceu 40 minutos antes do Nada para o também centenário tricolor Nelson Rodrigues. E levou o botafoguense Armando Nogueira a conhecer uma moça que, perguntada sobre seu time, se disse torcedora do Fla-Flu.

blogdojuca@uol.com.br

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