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Segurança vira gargalo de Londres

2012
Empresa privada admite falhas e repete fiasco já visto na Copa da África

DOS ENVIADOS A LONDRES

Militares com seus uniformes camuflados estavam por todos os lados no Parque Olímpico de Londres ontem, a duas semanas dos Jogos.

Trabalhavam na vigia do local e na revista dos visitantes. Estavam ali para substituir seguranças privados da empresa multinacional GS4, que falhou em fornecer os funcionários necessários para proteger a Olimpíada.

Esse é o segundo caso de fiasco do uso de um esquema de segurança privado em um grande evento esportivo.

Em 2010, a Copa do Mundo da África do Sul enfrentou greves e conflitos com os contratados para proteger os estádios. A confusão chegou a ocorrer inclusive nas portas das arenas. Há dois anos, a polícia teve que assumir o papel dos seguranças no meio do campeonato de futebol.

O governo brasileiro anunciou no início deste mês o esquema de proteção para a Copa-2014. E repete o modelo do uso de empresas particulares. Pelo plano traçado, os seguranças privados vão atuar nos estádios, por exigência da Fifa, como ocorreu na competição sul-africana.

Polícias e Exército atuarão apenas fora das arenas. A Fifa e o COL (Comitê Organizador Local) vão fazer a contratação das empresas privadas.

Foi assim em Londres. O comitê organizador dos Jogos contratou a GS4 em 2010. Na última semana, a empresa admitiu o fiasco em recrutar e treinar 13.700 funcionários, como prometera em contrato de R$ 895 milhões.

"Reconhecemos que subestimamos a tarefa de fornecer pessoal para a Olimpíada", disse ontem o diretor geral da G4S, Nick Buckes.

A empresa afirmou, em nota, que "aceita sua responsabilidade por custos adicionais decorrentes do apoio militar" necessário para reforçar a segurança dos Jogos.

A G4S admitiu até que não sabe nem se todos os seguranças treinados por ela sabem falar inglês direito.

Em resposta, o governo britânico anunciou que colocará mais 3.500 militares nos Jogos. Serão 17 mil, 7.500 a mais do que as tropas inglesas na Guerra do Afeganistão. Inclusive, são militares que retornaram recentemente do Oriente Médio que serão convocados para o evento.

A ministra britânica do Interior, Theresa May, disse que o aumento das tropas não mudará o orçamento de Londres destinado à segurança, de cerca de R$ 1,74 bilhão.

A medida é considerada preventiva, apesar de o governo já ter classificado como "alto" o risco de um ataque terrorista durante os Jogos.

Robert Brown, ex-sargento de polícia que se inscreveu para trabalhar para a G4S na Olimpíada, declarou ao jornal inglês "The Guardian" que o processo de recrutamento foi "totalmente caótico" e que a empresa está buscando "mão de obra barata".

Seguranças também disseram que não receberam escalas de trabalho e uniformes.

Com agências de notícias

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