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Resultado do investimento olímpico britânico no ciclismo, Bradley Wiggins tem a chance de ser o 1º atleta de seu país a ganhar a Volta da França

Stephane Mahe/Reuters
Bradley Wiggins com a camisa amarela de líder da Volta da França
Bradley Wiggins com a camisa amarela de líder da Volta da França

DE SÃO PAULO

O ciclismo é a maior aposta dos britânicos para ir ao pódio na Olimpíada que vão organizar, a partir do próximo dia 27, em Londres.

Mas é do outro lado do Canal da Mancha que a modalidade está perto de fazer o país entrar para a história.

Nunca um britânico venceu a Volta da França, a mais tradicional prova, e já centenária, das bicicletas.

Porém esse jejum está próximo de terminar. Depois da realização da 13ª etapa, ontem pela manhã, e com quase dois terços do percurso já realizados, o ciclista britânico Bradley Wiggins lidera com mais de dois minutos de vantagem sobre seu compatriota Christopher Froome.

Ambos são da mesma equipe, o que aumenta as chances de Wiggins, já que no ciclismo o jogo de equipe é a norma e não motivo de escândalo, como na F-1.

A trajetória de Wiggins, 32, é um exemplo dos frutos que o investimento numa modalidade olímpica pode render.

O atleta britânico foi um dos escolhidos em um programa que tinha a missão de transformar o ciclismo do Reino Unido em uma potência. E que deu resultados.

Na Olimpíada de Pequim, em 2008, foram 14 medalhas, sendo oito de ouro, conquistadas nas pistas e na estrada.

Os britânicos correm o país em busca de talentos de 14 anos. Depois, são lapidados até irem para um centro de treinamento em Manchester.

Wiggins soma seis pódios olímpicos. Só que ele era um especialista nas provas de pista, curtas e que não exigem o mesmo fôlego que a Volta da França, onde algumas etapas têm mais de 200 quilômetros de extensão.

A partir de 2008, ele resolveu priorizar a estrada e, nesta temporada, já havia colhido frutos em outras provas.

Tão raro quanto um britânico na elite da maior prova do ciclismo é a forma com que Wiggins fala sobre o doping, que transformou seu esporte no patamar mais baixo em termos de credibilidade.

Sem rodeios, ele detonou ciclistas que se dopam em um artigo que escreveu para o jornal "The Guardian", publicado na última sexta-feira.

"A atitude em relação ao doping no Reino Unido é diferente em relação a países como Itália e França, onde um ciclista como Richard Virenque se dopa, é pego, é banido e depois volta para ser um herói nacional", escreveu Wiggins, que viu na sexta-feira um outro compatriota, que já foi flagrado dopado, vencer uma etapa do "Tour".

Dois dos maiores nomes do ciclismo, o americano Lance Armstrong e o espanhol Alberto Contador, ambos ganhadores da Volta, viram seus nomes mergulhados em escândalos de doping.

Perto da glória na França, Wiggins, que tem como hobby colecionar scooters dos anos 60, terá pouco descanso. Ele disputará a Olimpíada de Londres, onde terá a chance de aumentar sua já vasta coleção de medalhas.

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