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Juca Kfouri

Espírito de porco

Preciso confessar que vou à Olimpíada com espírito de porco, apostando no ouro do futebol

RARA LEITORA, raro leitor, espero estar tomando sol em Londres quando você estiver lendo essas poucas linhas.

Na verdade, realista, espero estar na capital inglesa, porque só um otimista incorrigível para imaginar um raro domingo ensolarado no verão londrino como sinal de boas-vindas.

Tenho certeza de que Londres-2012 não será inesquecível como foi Barcelona-1992 e admito estar indo cobrir esta Olimpíada com um espírito bem diferente daquele que me levou à Catalunha.

Primeiramente porque meus focos principais serão o futebol, fora de Londres, e o basquete.

Em Barcelona não só o futebol brasileiro não participou como o basquete se resumia ao "Time dos Sonhos" dos Estados Unidos.

Agora não. Por mais que seja ainda um sonho imaginar que o basquete nacional lute por medalha, esta expectativa não se limita aos Pachecos de plantão, mas alimenta também os especialistas pelo mundo afora.

E o futebol de Neymar e companhia tem tudo para conquistar o que falta ao esporte bretão brasileiro.

Deixo claro que estou entre aqueles que muitas vezes acham que o futebol nem deveria estar na Olimpíada e que não desconheço o efeito deletério que o ouro do ludopédio possa causar neste país monoesportivo.

Imagino até que se o time de Mano Menezes for à final, será este o recorde de audiência da Record -desde que a Globo não invente um Corinthians x Barcelona no mesmo horário.

Sei que futebol e espírito olímpico não falam exatamente a mesma língua, embora o velho Barão de Coubertin seja apenas uma vaga lembrança -prova disso é o número cada vez maior de atletas que nem vão à Vila Olímpica.

Em bom português, embarquei para o Reino Unido na sexta-feira com um certo espírito de porco, mas com o pé esperançosamente quente de quem testemunhou nosso primeiro ouro em esporte coletivo -o do vôlei masculino, 20 anos atrás.

Se o ouro vier, que efeito terá para a Copa do Mundo de 2014? E se não vier?

O que também alimenta a esperança do feliz colunista são as façanhas deste 2012 no futebol.

Ricardo Teixeira e João Havelange foram para o lixo da história, e o Corinthians ganhou, invicto, a Copa Libertadores da América.

Para quem até suspeitou que jamais veria essas coisas, convenhamos que o ouro do futebol é pouco.

blogdojuca@uol.com.br

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