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Edgard Alves

Minuto da discórdia

FINALMENTE, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, o belga Jacques Rogge, decidiu prestar uma homenagem aos esportistas mortos no sangrento atentado terrorista ocorrido durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 15 de setembro de 1972, quando 11 integrantes da delegação de Israel foram vitimados.

Em cerimônia de hasteamento de bandeiras, ontem, na Vila Olímpica de Londres, e acompanhado por cerca de cem dirigentes de Comitês Olímpicos Nacionais, ele pediu um minuto de silêncio em memória das vítimas daquele triste episódio, que ficou conhecido como Massacre de Munique.

"Quero homenagear os 11 atletas israelenses que compartilhavam a ideia da trégua olímpica, que pensavam que a Vila Olímpica era um lugar que reunia as pessoas. Estes 11 atletas foram a Munique com esse espírito. Compartilhavam essa visão", afirmou Rogge.

A manifestação ameniza, mas não cessa a pressão que o COI vem enfrentando para lembrar dos 40 anos da tragédia, na qual perderam a vida também um policial e cinco palestinos do grupo Setembro Negro, responsável pelo atentado.

A violência e a brutalidade do massacre, no entanto, interromperam as disputas em Munique por apenas 34 horas. E, após uma cerimônia fúnebre no estádio olímpico, o então presidente do COI, o norte-americano Avery Brundage, com seu sucessor eleito, o inglês Lord Killanin, para assumir o posto ao término das competições, declarou que os Jogos deveriam continuar.

Ankie Spitzer e Ilana Romano, viúvas de um atle-ta e de um treinador mortos no atentado, insistem na realização de um minuto de silêncio na solenidade de abertura da Olimpíada londrina, na próxima sexta-feira.

Elas contam com o respaldo de um pedido no mesmo sentido com 103 mil assinaturas, que deve ser entregue ao COI. A posição da entidade, no entanto, é que a homenagem deve ser realizada na Alemanha, onde aconteceu o massacre.

A Olimpíada, realizada a cada quatro anos, por si já é uma saia justa para o COI, que reúne mais de 200 comitês nacionais, muitos deles de países envolvidos em conflitos, exigindo cautela da entidade, a fim de que os Jogos fiquem focados exclusivamente nos esportes.

Mas uma pendência como a desse minuto de silêncio corre o risco de desdobramentos, gerando tensão, na véspera da maior festa esportiva do mundo.

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