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Juca Kfouri

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Vitória amarela

Quase foi um catastrófico empate, porque os egípcios sentiram o desinteresse brasileiro

Eu sei que você não tem nada com isso, mas sei também que, em regra, as pessoas gostam de conhecer certos bastidores da produção das notícias, numa palavra, da vida dos jornalistas.

Pois eis que me vejo em Cardiff, no País de Gales, para cobrir um jogo de futebol da seleção do meu país contra a do Egito. Sim, jamais imaginei que um dia estaria aqui, e o País de Gales para mim, desde meus oito anos, era, apenas, um lugar que tinha um goleiro chamado Kelsey que fechou o gol no jogo da Copa da Suécia, em 1958, a ponto de o Brasil ter vencido só por 1 a 0, gol de Pelé, com direito a um chapeuzinho no zagueiro, mas só na metade do segundo tempo, tamanho o sufoco, primeiro gol dele em Copas.

Desnecessário dizer que o país sempre foi muito mais que isso e que sua capital é extremamente simpática e acolhedora. Pena que tenha chegado num pé e voltado noutro.

O estádio Millennium é amplo, para 75 mil pessoas e do século passado, inaugurado para abrigar a Copa do Mundo de rúgbi, em 1999, sem as modernidades que têm desumanizado os estádios pelo mundo. Mas seu gramado pode ser adequado ao rúgbi, jamais ao futebol porque, se na Olimpíada ficamos livres das placas de publicidade, as de grama saltavam feito pipoca na panela.

Mesmo assim, após se assustarem no começo como também se assustaram as mulheres contra Camarões, os meninos de Mano tomaram conta e o novo londrino Oscar deu dois gols para Rafael e Leandro Damião. Aí ficou fácil, como deveria ser nesta fase, algo desmentido pelos resultados surpreendentes dos outros três favoritos, Uruguai, México e Espanha. Os uruguaios suaram para virar contra os Emirados Árabes Unidos. O México ficou no 0 a 0 contra a Coreia do Sul e a Espanha, bem, a Espanha perdeu do Japão, assim como, em 1996, nos Jogos de Atlanta, ocorreu com o time brasileiro comandado por Zagallo.

O terceiro gol nasceu, cresceu e morreu na rede graças ao primeiro lance realmente bem-sucedido de Neymar, que achou o sério e útil Hulk na esquerda e recebeu de volta para fulminar. Faltava saber se seria aquele tipo de jogo três vira, seis acaba. Pois não foi e quase foi um catastrófico empate, porque os egípcios voltaram dispostos a não serem humilhados, sentiram o desinteresse brasileiro, diminuíram logo de cara, chegaram ao segundo gol e viram o time nacional manter a vitória com muito esforço e um sinal amarelo. De advertência.

VIVA MARIA!

Justiça se faça a José Maria Marin: ele não nega fogo, assume o que faz, não disfarça aquilo que é. É daqueles que vieram ao mundo para se aproveitar de todos os seus defeitos, não para mudá-los. Cândida e pandegamente.

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