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Última fronteira

A três pódios de se tornar o maior medalhista olímpico, Michael Phelps tem torcida de recordista

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

Larisa Latynina escolheu o presente com muito cuidado. Uma relíquia dos tempos em que estampou seu nome na história dos Jogos Olímpicos. Queria entregá-lo como um desejo de boa sorte.

Uma medalha, como as três que Michael Phelps, 27, precisa conquistar em Londres para tirar da ex-ginasta russa o posto de maior medalhista olímpica. Larissa subiu 18 vezes ao pódio, em três edições (1956, 1960 e 1964). Phelps, 16, em 2004 e 2008.

O círculo dourado, com as bandeiras dos Estados Unidos e da hoje extinta União Soviética, lembrança de um desafio nos anos 1950 entre as duas potências, foi dado ao norte-americano como uma passagem de bastão.

A partir da madrugada de amanhã, quando disputa as eliminatórias dos 400 m medley, Phelps tem a oportunidade de adicionar um novo recorde a sua já vasta lista.

Superar uma marca que já sobrevive há 48 anos. E, assim, poder encerrar a mais brilhante carreira de um nadador em todos os tempos.

"Recordes são feitos para serem quebrados. É legal saber que você pode reescrever a história, colocar seu nome entre os grandes", diz Phelps.

"Mas não penso nisso agora. Se o recorde acontecer, aconteceu. As coisas vão ganhar um significado mais real quando eu me aposentar."

Larisa, 77, espera estar na plateia para assistir ao feito do amigo recém-conquistado. Ela aposta que Phelps completará sua missão em Londres e conseguirá ultrapassar as 18 medalhas.

Somente em Pequim-2008, o nadador amealhou oito ouros, na mais avassaladora performance de todos os tempos vista dentro das piscinas.

Em Londres, está inscrito em quatro provas individuais. E deve nadar outros três revezamentos com os EUA.

"Ele é uma pessoa e um esportista formidável e talentoso. Ninguém no último século conseguiu ganhar 18 medalhas olímpicas. Acho que ele tem força para isso. Vou parabenizá-lo com enorme prazer", disse Larisa à Folha.

"Eu o presenteei com aquela medalha simbolizando que os esportistas, não interessa qual seja a situação no mundo, sempre vivem no espírito de amizade", completa.

As duas lendas do esporte se encontraram em Nova York, neste ano, para uma sessão de fotos. Apesar da barreira da língua, conseguiram conversar e trocar piadas com a ajuda de um tradutor. E Larisa entregou o presente.

Phelps cita a ex-ginasta como uma das pessoas que o inspiraram na tentativa de resgatar o título de melhor do mundo após dois anos de tropeços e pouca motivação.

"Foi uma honra conhecer um ícone do esporte olímpico. Provavelmente foi um dos presentes mais legais que eu já recebi. Me emocionou muito", afirma o nadador.

Colaborou MARINA DAMAROS, em Moscou

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