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Império britânico

Londres se apega a tradição e influência cultural para abrir sua terceira Olimpíada

Eltore Ferrari/Ele
Boneco gigante de Voldemort, personagem de Harry Potter
Boneco gigante de Voldemort, personagem de Harry Potter

MARIANA LAJOLO
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS A LONDRES

Quando a música do filme épico "Carruagens de Fogo" soou no Estádio Olímpico de Londres, foi a imagem de Mr. Bean que apareceu na tela. Ele tocava a música em um teclado. Com cara de enfado.

Londres usou da autoironia e de ícones pop na festa de abertura dos 30ºs Jogos Olímpicos, ontem, para mostrar uma sociedade britânica em transição e contradição.

O cenário pastoril inicial que ocupava o centro do Estádio Olímpico foi destruído por trabalhadores da Revolução Industrial. A transição foi feita com um texto de Shakespeare: "A Tempestade".

Foi então a vez da entrada da rainha Elizabeth 2ª. Ela chegou com a simulação de um salto de paraquedas juntamente com James Bond. Sua aparição foi um dos momentos mais aplaudidos da noite -perdeu para a entrada da delegação britânica.

Contraponto foram os símbolos da mudança da sociedade britânica nos anos 60.

Estavam lá figurantes com roupas dos Beatles no disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band". Enfermeiras tomaram conta do palco em homenagem ao NHS (Sistema Nacional de Saúde). Na tribuna, estava o primeiro-ministro David Cameron, que defende mudanças no sistema e uma maior participação privada na saúde do país.

A partir daí, a cultura britânica assumiu o palco. Desfilaram nele Harry Potter, Peter Pan e, principalmente, a música local.

Um teatro simulava a vida moderna do adolescente britânico moderno, incluindo discotecas. Foi a deixa para se fazer uma reconstituição da música do país a partir da década de 60, de Rolling Stones a Amy Winehouse.

Um cenário de luzes se estendia do campo para os espectadores -esses estiveram iluminados a maior parte do tempo. Bolas de fogo estouravam perto das arquibancadas a ponto de esquentar os rostos dos espectadores.

Um show que, no entanto, não se equiparava ao espetáculo grandioso exibido na abertura de Pequim-2008.

Explica-se: os chineses queriam se exibir como uma potência consolidada.

A Grã-Bretanha usou seus 10 mil voluntários para mostrar suas várias faces e discutir seu papel no mundo diante do estimado público de 1 bilhão de pessoas que viram a abertura oficial dos Jogos.

"Há muita história no nosso país. Estamos apresentado como a nossa história afetou o mundo para o bem e para o mal", contou o diretor do show, Danny Boyle. "Nós temos que aprender o nosso novo lugar no mundo."

Em busca da renovação, Londres deu a sete jovens atletas britânicos a missão de acender a pira olímpica, contrariando a tradição de escolher esportistas consagrados.

Mas há algo de imutável na Grã-Bretanha: foi a rainha quem deu os Jogos por abertos. E ela não foi alvo de ironia na festa. Símbolo do punk, o grupo Sex Pistols teve uma música tocada no estádio. Mas não foi "God Save the Queen", maior crítica já feita à realeza nacional.

Foi sir Paul McCartney quem encerrou o show.

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