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Opinião

Pop sem desprezar tradição, Boyle acerta o tom na abertura

LUCAS NEVES
EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

O cineasta Danny Boyle, convidado a dirigir a cerimônia de abertura de Londres-2012, projetou-se com os tipos atormentados, amorais de "Cova Rasa" (1994) e "Trainspotting - Sem Limites" (1996). Mas a consagração efetiva, com Oscar e tudo, veio com a melosa história de superação "Quem Quer Ser Um Milionário?" (2008).

Foi nas mãos desse Boyle terno, edificante (sem o "bloody" sarcasmo, Mr. Bean à parte), que os organizadores entregaram sua sorte.

E ele devolveu um espetáculo impactante, quase sempre de leitura cristalina, salpicado de sequências cinematográficas nos dois sentidos (como a forja dos anéis olímpicos no alvorecer da Inglaterra industrial) e desavergonhadamente pop quando cabia (o set list, com clássicos British de Beatles e Kinks a Prodigy, passando por Clapton, Oasis, Amy e Franz).

Endereçavam-se aos tradicionalistas as falas do Caliban da shakespeariana "A Tempestade" e a aparição da dupla-síntese da fleuma britânica, a rainha Elizabeth 2ª e o agente James Bond. Aos escapistas foi servido um duelo que opunha os vilões Voldemort e Cruela a Mary Poppins. Os engajados tiveram seu quinhão de luta de classes no aceno às condições desumanas de trabalho nas linhas de montagem da Revolução Industrial.

Pouca gente entendeu o segmento dedicado ao Sistema Nacional de Saúde, com uma tropa de enfermeiras em cena. Parecia uma daquelas inserções descaradas de patrocinadores de enredos de escolas de samba cariocas, sem o gênio delirante de um Joãosinho Trinta para disfarçar a patuscada.

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