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Mutantes

Mais veloz do mundo nos 50 m peito, nadador brasileiro Felipe França emagrece oito quilos para melhorar sua performance na água nos 100 m

DA ENVIADA A LONDRES

Medalha de ouro em Campeonato Mundial, o título de mais rápido do mundo e reconhecimento dos rivais. Felipe França conquistou tudo isso nos últimos três anos.

Poderia ser suficiente para que o nadador brasileiro se considerasse consagrado.

Mas França, 25, teve que se reinventar para chegar a Londres com ainda um passo a cumprir: mostrar que pode transportar todo o seu sucesso em uma prova não olímpica para o pódio dos Jogos.

Mais veloz do mundo nos 50 m peito, distância que não está na Olimpíada, ele estreia hoje nos 100 m no centro aquático londrino.

A primeira transformação pela qual o nadador passou foi física. O corpo de França chama a atenção na piscina. Ele não é longilíneo como a maioria dos atletas. É mais robusto e por muito tempo não controlou a alimentação.

Resultado: estava pesado demais para um nadador que precisava ser rápido nos 100 m peito como é nos 50 m.

França estava com 100 kg no Mundial de Xangai, em 2011. Desde lá, graças a uma dieta rigorosa, perdeu cerca de oito quilos e ganhou mais massa muscular, magra.

"Essa transformação foi essencial para ele conseguir fazer os 100 m com a mesma eficiência que faz os 50 m", afirma o técnico Arílson Silva.

"Não foi fácil, ele sofreu, mas conseguiu ver os benefícios de estar mais leve."

Para se manter na linha, França decidiu não participar de algumas viagens internacionais para competir.

No Crystal Palace, em Londres, fugiu dos pudins e doces de leite servidos no centro da equipe brasileira.

Corpo em forma, o segundo passo era transformar a performance na água.

Nos treinamentos, Silva passou a trabalhar para que o nadador conseguisse continuar rápido nos 50 m, mas sem gastar tanta energia.

Se faz economia na primeira piscina, ele consegue voltar os últimos 50 m mais rápido e sem cansar tanto a ponto de perder rendimento.

E, para que o atleta ganhasse confiança, o técnico começou a fixar um padrão de tempo nos treinos. Uma forma também de começar a transformar a sua cabeça.

Todas as vezes em que ele nada os últimos 50 m, deve estar na casa dos 31s. E, na parte mais rápida da prova, tem de gastar cerca de 27s.

Atualmente, França tem o terceiro tempo do mundo (59s63), atrás dos japoneses Kosuke Kitajima (58s90) e Ryo Tateishi (59s60).

"Ele agora compete contra si próprio. Sabe que se nadar rápido vai brigar pela medalha. Ele entendeu bem [a fórmula]. Você tira a fantasia, que é incontrolável", afirma.

A meta matemática nos treinos ajudou França a ganhar confiança na piscina. Conversar com o treinador, com os pais e com os pastores da igreja El Shaddai fizeram o nadador aprender a lidar melhor com o assédio, a pressão e as atenções.

"A partir das experiências que tive, consegui blindar minha mente para que a pressão e a ansiedade não me atrapalhem. Agora estou pronto para controlar isso", disse França. (MARIANA LAJOLO)

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