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Para técnica, luta virou 'coisa de mulher'

DO ENVIADO A LONDRES

Agitada, gritando ao lado do tatame instruções que podiam ser ouvidas do outro lado da arena, a treinadora da seleção feminina, Rosicleia Campos, 42, era a imagem da emoção após a medalha de ouro de Sarah Menezes.

Ela serve como elo entre o momento atual do judô feminino e o tempo em que a luta "não era coisa de mulher".

"Minhas amigas viam meu braço ganhando músculos e diziam que estava virando homem. Meu primeiro namorado terminou comigo porque não gostava de me ver 'agarrando homens por aí'", relembra, sobre como o seu primeiro namoro terminou.

Anos depois, novo trauma: separou-se de seu primeiro marido, que repetia o mantra: "Meu sonho é ter uma mulher 'normal' em casa".

A modalidade feminina é relativamente recente: estreou apenas em Barcelona, em 1992. No Brasil, até a década de 80, era proibida a prática de judô por mulheres.

Até então, Rosicleia e as mulheres em geral sofriam com a pecha de que o sexo feminino era "frágil" ou que o "coeficiente de inteligência das mulheres era menor".

"Quando fui à minha primeira Olimpíada [em Barcelona-92], era tudo diferente. Não conhecia nenhuma adversária, não é como hoje, que as atletas pegam no quimono de todas as rivais", diz.

Refere-se ao fato de as brasileiras hoje terem condições de disputar torneios pelo mundo todo, ou, pelo menos, treinar com as adversárias.

Há até poucos anos, a preparação feminina era puxada a reboque do masculino.

"Íamos para onde eles [homens] iam. Nossas necessidades específicas não eram consideradas. Felizmente isso mudou", afirma.

(EO)

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