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Cansei de ser quarto

Em sua terceira Olimpíada, Thiago Pereira enfim sobe ao pódio e conquista a prata nos 400 m medley

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

Thiago se contorcia, mal conseguia falar, mal conseguia ficar em pé, o corpo todo tomado por uma dor lancinante. Mas ele sorria.

Depois de dois Jogos Olímpicos e muitos anos de um "quase" estampado em sua biografia, finalmente o nadador havia conseguido. Estava no pódio da Olimpíada.

A medalha de prata nos 400 m medley conquistada com tanta dor no Centro de Esportes Aquáticos de Londres foi ensaiada à exaustão. Treino após treino, no limite.

Nunca ele havia se preparado tanto: trabalho duro na piscina, dieta, musculação, competições. Thiago, 26, não deixou nada passar, para ter certeza de que não repetiria de novo o amargo dos quartos lugares das Olimpíadas de Atenas-04 e Pequim-08.

No pódio, estava abaixo apenas do norte-americano Ryan Lochte. E não tinha o maior nadador de todos os tempos ao seu lado. Havia derrotado Michael Phelps, que ficou em quarto lugar.

O japonês Kosuke Hagino ficou com o bronze.

"Sempre disse que eu gostava de estar na mesma geração desses nadadores [Lochte e Phelps]. E que, se ganhasse uma medalha em cima deles, seria mais especial. Pensava todos os dias em Ryan e Phelps. Pensava em ganhar deles", afirmou Thiago.

"Eu estava cansado de ser quarto. Nesse ciclo me dediquei como nunca para não ficar com aquele 'e se'. E estava tranquilo. Se a medalha não viesse, saberia que havia feito tudo o que poderia."

Uma das principais mudanças no treino de Thiago foi sua volta ao país. Ele se uniu a Cesar Cielo na equipe PRO 16 e começou a trabalhar sob a batuta do técnico Alberto Silva, o Albertinho.

Thiago tinha um fim de prova muito ruim. Nos últimos 100 metros, quando nada crawl, ele já não tinha mais forças para terminar a disputa com qualidade.

Quando muitos diziam que o problema do nadador era ele não saber nadar bem o crawl, Albertinho investiu em aumentar sua resistência.

Os treinos eram exaustivos. Thiago tinha de terminar a prova com eficiência, apesar de tanto cansaço e dor.

"Doeu muito. Teve dias em que saí da piscina e tive de ser carregado, vomitava. Não é fácil, mas foi me dando confiança", afirmou o nadador.

Tanta confiança que a medalha nos 400 m medley quase foi conquistada "por acaso". Sua prioridade é os 200 m medley, na quarta.

"Eu não fiz o treino para os 400 medley. Mas ele tem um talento que, quando está descansado e bem fisicamente, pode fazer uma boa prova. Eu não tinha ideia de como ele ia nadar", disse Albertinho.

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