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Edgard Alves

Novela do véu

No desfile pode,mas sauditas devem descartar peça nas disputas

A estreia das mulheres da Arábia Saudita na Olimpíada finalmente aconteceu e teve o polêmico véu islâmico, o "hijab". A judoca Wojdan Ali Seraj Abdulrahim Shaherkani e a meio-fundista Sarah Attar foram as protagonistas da quebra da tradição saudita de só enviar homens aos Jogos. Elas desfilaram na cerimônia de abertura. Agora, falta o passo decisivo, o mais emblemático: competir. Para isso, elas terão um desafio maior, deixar de lado os véus islâmicos, que cobrem a cabeça e deixam o rosto à mostra.

A Federação Internacional de Judô (FIJ) proibiu o uso da peça. Essa é uma decisão da área do judô.

Uma discussão que vem se tornando necessária pela mudança de atitude de países muçulmanos em relação ao esporte.

A Fifa, por exemplo, liberou o véu na ausência de documentação médica que apontasse possibilidade de lesão pelo seu uso. Mas ainda vai passar por um período de testes com definição do design, da cor e do material que serão permitidos. A confirmação acontecerá em outubro.

Marius Vizer, presidente da FIJ, anunciou que a judoca, que será a primeira das duas a estrear -luta na próxima semana na categoria pesado contra a porto-riquenha Mellisa Mojica-, vai competir e estará de acordo com o princípio e o espírito do judô, sem o véu. Como já dito neste espaço, a decisão provavelmente causará polêmica na Arábia Saudita, onde a participação feminina nos esportes é assunto controverso. Clérigos poderosos denunciam mulheres que se exercitam porque seria contra o papel natural delas. A pressão atinge até mesmo atividades físicas nas escolas.

Para o Comitê Olímpico Internacional, a chegada das sauditas é um marco importante, pois eram as únicas que continuavam fora dos Jogos. Os dois outros países que estavam na mesma situação, Brunei e Qatar, já haviam comunicado no início do ano que enviariam mulheres para competir em Londres. Por isso, o presidente do COI, Jacques Rogge, destacou no seu discurso na abertura dos Jogos que, pela primeira vez na história olímpica, todas as equipes participantes terão mulheres, um estímulo fundamental para a igualdade de gênero.

A atitude em relação à participação feminina nos esportes varia muito no mundo árabe. Enquanto as mulheres da Argélia, Tunísia e Marrocos competem há tempos, outros países são mais conservadores. Na sociedade saudita, elas são privadas de vários outras atividades, situação que começa mudar, como essa abertura olímpica. Por isso, o Comitê Olímpico da Arábia Saudita se posicionou aberto a convites para suas atletas competirem na Olimpíada, forma que permite a participação sem que haja a necessidade de passar por seletivas, o que provocaria outro entrave.

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