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Basquete do Brasil volta à Olimpíada após 16 anos com time que tem americano, técnico argentino e jogadores que atuam no exterior

DANIEL BRITO
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

A seleção masculina precisa agradecer, e muito, ao basquete internacional por fazer hoje, às 7h15, sua primeira apresentação em uma Olimpíada desde Atlanta-1996.

A adversária é a Austrália, na Arena de Basquete. O Brasil está no Grupo B, que conta ainda com Espanha, Rússia, Grã-Bretanha e China.

Todas as bases deste selecionado nacional são montadas em cima de ensinamentos estrangeiros, principalmente o espanhol, o argentino e um pouco do americano.

O estilo brasileiro de jogar basquete, de correria desenfreada e contra-ataques rápidos, perdeu espaço para a defesa sólida e disciplinada, seguida da valorização dos 24 segundos de posse de bola.

Preceitos do basquete internacional ensinados na seleção em castelhano por Rubén Magnano. Com mão de ferro, o argentino recolocou o Brasil nos Jogos atuando ao estilo de seu país, o mesmo que rendeu o ouro aos nossos vizinhos em Atenas-2004.

Ele foi ajudado pela grande bagagem internacional do elenco. Em Londres, seis dos 12 jogadores atuam fora do país. Dois na Espanha: os armadores Raulzinho e Marcelinho Huertas. E quatro na NBA: o ala-armador Leandrinho e os pivôs Anderson Varejão, Tiago Splitter e Nenê.

Com exceção de Raulzinho, os estrangeiros da seleção estão fora do Brasil há, pelo menos, oito anos.

Tiago Splitter, por exemplo, jamais atuou profissionalmente no país. Aos 15, trocou Santa Catarina pelo País Basco, na Espanha, onde se tornou ídolo local. Hoje defende o San Antonio Spurs.

O elenco atual contrasta com a última geração a vestir a camisa do Brasil em uma Olimpíada. Todos os 12 atletas daquele time de Atlanta disputaram o Nacional-1996.

A seleção de Magnano ainda conta com o caso inédito de naturalização. Americano de Chicago, Larry Taylor, 31, armador do Bauru, tornou-se brasileiro neste ano, a pedido da CBB (Confederação Brasileira de Basquete).

Larry entra para suprir a deficiência crônica do Brasil em formar novos armadores.

Nos EUA, ele teve pouca oportunidade, atuou em ligas menores universitárias. Passou pelo México e pela Venezuela, países sem tradição no basquete, antes de fechar com o Bauru, em 2008.

Mesmo os atletas que atuam no Brasil possuem larga experiência na Europa.

É o caso do ala-pivô Guilherme Giovannoni. Antes de desembarcar em Brasília, onde já conquistou três títulos nacionais, passou quase nove anos disputando o Italiano e o Espanhol.

"Experiência é o que fica após cada situação. Sei como foi difícil chegar até aqui. Agora, temos uma identidade. Acho que vamos continuar com ela. Não podemos perdê-la", afirmou Magnano.

Tamanha miscelânea causa até algumas situações curiosas no elenco. É comum ver os atletas esclarecendo dúvidas em espanhol com o treinador nos treinamentos. O pivô Nenê, por exemplo, usa algumas expressões em inglês durante os jogos para falar com o americano Larry.

Mas o hino que será tocado hoje, em Londres, antes do confronto contra os australianos ainda é o brasileiro.

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