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Tostão

Adaptação

Seedorf terá de se adaptar ao jogo mais corrido, mais trombado, e aos piores gramados do Brasil

A maior dificuldade de Seedorf não é encontrar sua posição em campo. É se adaptar ao futebol brasileiro, mais corrido, mais tumultuado e com piores gramados.

Como o futebol se tornou um grande negócio, com as presenças marcantes de investidores e de marqueteiros, houve, na Europa, uma grande preocupação de transformar o jogo em um espetáculo, um teatro.

Para isso, melhoraram os gramados, diminuíram a violência, dentro e fora dos estádios, capricharam na organização dos eventos e deram mais conforto e segurança aos torcedores. Tudo isso dá lucro. Os times passaram a jogar um futebol mais agradável, e os árbitros a interferir menos na história do jogo.

Tudo é tão organizado e funcional, e os estádios, tão cheios, que até uma grande pelada parece um grande jogo. Quando a partida se torna muito previsível, linear e chata, surgem alguns craques para fazer algo diferente e surpreendente.

No Brasil, por muitos motivos, como a violência na sociedade -o futebol faz parte-, e a pressão que sofrem jogadores e treinadores para vencer -são ameaçados até em suas casas-, o jogo, em vez de ser um espetáculo prazeroso e lúdico, se transformou em uma guerra, com excesso de faltas, trombadas, reclamações e de desrespeitos.

Aumentaram muito o preço dos ingressos e melhoraram pouco os gramados, o conforto e a segurança. Os jogadores, pressionados, se livram facilmente da bola. Os técnicos, para garantir os altíssimos salários, não estão nem aí para a qualidade do espetáculo. Só pensam no resultado. Seedorf, um ótimo atleta, fará um grande esforço para se adaptar. Mesmo tendo relações afetivas com o Brasil, será muito mais difícil para ele do que para outros brasileiros que voltam da Europa.

BOM E RUIM

Contra o Egito, o Brasil foi bem no ataque, facilitado pela fraca marcação, e mal na defesa, desde o início do jogo, e não apenas no segundo tempo, quando sofreu dois gols. Marcelo deixou grandes espaços em suas costas, e apenas Oscar voltava para marcar ao lado dos dois volantes. Se quiser marcar por pressão, como tenta fazer, não pode ser parcial, com apenas alguns jogadores. Todos têm de participar. Havia também muitos espaços nas costas dos volantes. O perigo de enfrentar times que não têm nada a ver com as seleções principais é, se o Brasil ganhar a medalha de ouro, o que é provável, a ilusão de que já temos uma grande seleção para a Copa. Neymar se destaca mais pelo talento individual, e Oscar, pelo coletivo. Eles se completam. Oscar desarma, toca, recebe, finaliza e se movimenta pelo campo, com eficiência e simplicidade. Quem sabe, até a Copa, teremos um craque no meio-campo, o que não ocorre há muito tempo?

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