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Guilheiro usa técnicas de samurai para surpreender

JUDÔ Estudado por rivais, atleta tenta maneiras diferentes de lutar

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Chegar para o duelo por caminhos que os rivais menos esperam. Atrasar-se, de propósito, para as lutas. Táticas do famoso guerreiro japonês Musashi para surpreender e desestabilizar oponentes.

Estudado pelos adversários por ser o primeiro do ranking olímpico na categoria até 81 kg, Leandro Guilheiro lançará mão da estratégia Musashi para buscar a terceira medalha olímpica a partir da madrugada de amanhã.

Estreará ante Konstantins Ovchinnikovs, da Letônia.

"Eles já sabem o que faço. Então vou ter de trazer novidades, fintar, em vez de pegar no colarinho do quimono, segurar as mangas. Se estão de olho na minha mão forte, a direita, [vou] usar a esquerda", explica o judoca, 27.

"Ele [o Leandro] gosta muito de ler, e um livro que ele gostou muito foi o do Musashi, que tem histórico de surpreender os adversários. Queremos isso", diz Paulo Duarte, técnico de Guilheiro. Escrito por Eiji Yoshikawa, "Musashi" tem três volumes e cerca de 1.800 páginas.

"Alguns golpes não há como [o Leandro] mudar, mas o caminho, como chegar até ele, a gente pode trabalhar."

"O que os atletas estudam muito, primeiro, é a pegada no quimono, o início de uma luta. Depois, as técnicas. Eles [rivais] estão tentando dificultar muito minha pegada no quimono, porque sem ela fica difícil de entrar golpe", reconhece Guilheiro, bronze nos dois últimos Jogos.

"O que tenho tentado fazer é chegar à pegada no quimono de maneiras diferentes."

Além de procurar confundir os adversários, uma outra precaução do campeão do Pan de Guadalajara foi reforçar a sua preparação física.

"Evoluí muito fisicamente e em termos de resistência para aguentar um ritmo de luta maior. É para, a partir do momento em que eu chegar no quimono dos meus adversários, nunca mais soltar e fazer entrar meu golpe."

Um colega de Guilheiro que concorda que o nível de dificuldade aumentou para os brasileiros por conta de sua exposição internacional é o paulista Leandro Cunha, 31, vice-campeão nos Mundiais de Tóquio-10 e Paris-11.

O judoca foi superado em sua primeira luta, ontem pela manhã, na categoria até 66 kg, por Pawel Zagrodnik, da Polônia, na arena ExCel.

Cunha ocupou a quarta posição no ranking olímpico, que distribuiu vagas para Londres, e é o sexto na última lista divulgada pela Federação Internacional de Judô.

"Ter ficado todo esse tempo [no topo da tabela] atraiu a atenção dos adversários, que com certeza ficaram me estudando. Então ele [o polonês Zagrodnik] já me conhecia e acabou anulando meu jogo", declarou o brasileiro.

"Agora é voltar a trabalhar para [tentar de novo] daqui a quatro anos", disse Cunha.

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