Teen vira questão de Estado para chineses

Ye Shiwen conquistou o ouro dos 200 m medley e quebrou o recorde olímpico, mas pouco pôde falar sobre sua performance avassaladora.

Pivô de uma das polêmicas dos Jogos, a chinesa de 16 anos só respondeu a perguntas sobre um tema: doping.

"Acho que é um pouco injusto [duvidarem de mim]. Mas não fui afetada por isso. Meu técnico e meus colegas têm me apoiado e me ajudado a ficar forte e não ser atingida pelo barulho de fora."

Começou quando Ye baixou em quase um segundo o recorde mundial dos 400 m medley (4min28s43).

Ela cumpriu os últimos 50 metros da prova mais rápido do que Ryan Lochte em sua conquista do ouro.

Quem apontou o dedo para a chinesa foi o diretor-executivo da Associação de Técnicos de Natação, o norte-

americano John Leonard, que classificou seu desempenho como "suspeito" e lembrou os casos de doping da natação da Alemanha Oriental.

A entidade que cuida do antidoping na China rebateu: "Nunca questionamos Phelps quando ele ganhou oito medalhas de ouro [em Pequim]".

Milhares de chineses defenderam a atleta na rede social do país, o Weibo.

"Por que as pessoas só me criticam quando eu ganho mais de uma medalha? Outros nadadores já fizeram isso. Eu, absolutamente, nunca usei doping", disse Ye.

A chinesa, descoberta por um professor na escola, afirmou treinar cerca de cinco horas por dia há nove anos. Credita o sucesso de jovens como ela, Missy Franklin, 17, e Ruta Meilutyte, 15, à dedicação ao treinamento.

O Comitê Olímpico Internacional, que fará mais de 5.000 testes em atletas, defendeu a chinesa de forma sutil. "Nós só vamos comentar quando tivermos casos positivos. Se não estou comentando, você pode tirar suas conclusões", afirmou o porta-voz da entidade, Mike Adams.

Ye foi testada ao menos duas vezes em Londres, após ganhar as medalhas. Também são feitos testes-surpresa, fora das competições. (ML)