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Juca Kfouri

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Cheiro de ouro

Como num treino coletivo que virou recreativo, a seleção de futebol fez a parte dela

DO ALTO das 13 décadas que os contemplavam no St. James' Park, os meninos do Mano fizeram o que tinham de fazer, e nem sempre tem sido assim: se impuseram e liquidaram o jogo rapidamente para depois até se divertirem um pouco.

Os 3 a 0 saíram naturalmente, sem forçar, mas foram trabalhados por um time diferente do que vinha jogando.

A entrada de Alex Sandro pelo lado esquerdo permitiu a Marcelo o brilho que o talento dele é capaz de produzir, sem os riscos que também invariavelmente acarreta.

E a movimentação de Lucas pelo lado direito, principalmente no primeiro tempo, foi outra arma interessante de um time que começa a enriquecer seu repertório e cresce rodada a rodada, como já aconteceu em outras competições, fruto do entrosamento e do ganho de confiança naturais quando se vence.

Cuidadoso, Mano Menezes diz que não sabe qual é o cheiro de ouro, embora o técnico neozelandês tenha dito com todas as letras que o time brasileiro é fantástico e digno da medalha dourada.

O estádio de Newcastle não estava lotado como Old Trafford, talvez pelo jogo ter sido no meio da tarde de um dia útil, situação diferente da partida que virá contra Honduras pelas quartas de final, sábado.

Aos 132 anos de vida e com capacidade para mais de 52 mil torcedores, o St. James' Park certamente lotará para ver o jogo de um time brasileiro cada vez mais seguro e forte, com possibilidades de variações de jogo que se suspeitava ser possível, mas faltava demonstrar.

Pois foram demonstradas e o placar não foi mais largo apenas porque Neymar perdeu gol incrível e pelo nível de concentração, além de o time ter ficado com um a menos, graças a um exagero do árbitro de Gâmbia, que pôs Alex Sandro para fora.

Os riscos que há pela frente são evidentes, e um deles, quem sabe mais adiante, atende pelo nome de Senegal, como um dia, na Olimpíada de 1996, se chamou Nigéria e mudou para Camarões na seguinte, em Sydney-2000.

Desnecessário lembrar que Honduras foi responsável por uma das maiores zebras do futebol das Américas, e maiores vexames do futebol brasileiro, ao derrotar a seleção do Felipão, na copa continental, em 2001. Futebol é assim e ainda bem.

Mas pergunte a cada um dos outros remanescentes do futebol masculino -Grã-Bretanha, Senegal, México, Coreia do Sul, Egito, Japão e Honduras- se seus times têm tantos jogadores com a qualidade dos que hoje desfilaram em Newcastle.

O México tem a vantagem de jogar junto há mais tempo, mas sua campanha está longe de assustar.

Enfim, não se discutirá aqui, por não ser o foro adequado, o faro de Mano. Mas que está com cheiro de ouro, está.

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