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Juca Kfouri

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Basquete de verdade

A Rússia, rival de ontem, é do primeiro nível da Fiba e contra ela o Brasil jogou de igual para igual

ATÉ ONTEM havia uma dúvida sobre a qualidade da seleção brasileira masculina de basquete, principalmente porque o time não havia convencido nas duas primeiras participações em sua volta à Olimpíada.

A Rússia, rival de ontem, é do primeiro nível da Fiba e contra ela o Brasil jogou de igual para igual.

O país pode se orgulhar de que, de novo, joga basquete com B maiúsculo, por mais que tenha cometido erros que deixaram bravo o técnico Rubén Magnano, chateado mais pela maneira como se perdeu do que com a derrota.

Mas derrota que vem nos quatro segundos finais, numa cesta de três pontos feita por um chutador em seu primeiro arremesso desse tipo, dá a medida da emoção que o basquete pode causar, algo de que os brasileiros andavam meio esquecidos.

Por que, então, o treinador argentino que a CBB foi buscar para fazer a revolução a que estamos assistindo não ficou com o mesmo orgulho de quem apenas gosta do jogo?

"Porque precisamos ser mais inteligentes. Não se pode estar quatro pontos na frente como estávamos e deixar o adversário chutar porque 'estou' com quatro faltas. Ora, faça a quinta falta, alguém vai entrar no seu lugar, a bola vai parar, o jogo vai começar de novo, e é você quem está ganhando."

Curioso, Magnano. Ele exige mais até que Magic Paula, feliz da vida com o jogo que viu. Ou que Oscar, que saiu do ginásio garantindo medalha e dizendo que será melhor enfrentar a França que a Argentina, embora haja a China pela frente. "Que jogão!", repetia.

Magnano diz preferir se orgulhar de vitórias e que acredita que elas virão, "porque tem ainda muita estrada pela frente".

É verdade. Mas que ele não nos ouça nem leia, perder assim tem outro gosto. Gosto de basquete.

OS AMADORES

Se há um torneio na Olimpíada que merece atenção especial pelo espírito verdadeiramente olímpico este é o tênis, disputado pelos melhores do mundo em Wimbledon.

Com exceção do espanhol Rafael Nadal, que foi ouro em Pequim e seria o porta-bandeira da Espanha, ausente por ter machucado o joelho, estão todos aqui.

Por uma medalha. Porque dinheiro não há e, ao contrário dos milionários do basquete profissional e até mesmo do futebol, eles não recebem salários.

Ao contrário, perdem dinheiro. Poderiam estar disputando um torneio regiamente pago no Qatar.

Sim, boa parte não precisa mais de dinheiro, mas são poucos os que têm muito e não querem mais, lógica pobre, mas que enriquece.

Quem passa pelos arredores de Wimbledon sente um perfume diferente no ar, como se o amadorismo de alguma maneira sobrevivesse.

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