Edgard Alves

Caminho para o Rio

Judô fez uma campanha memorável em Londres, mas que pode evoluir nos Jogos Olímpicos de 2016

O judô cumpriu suas previsões. Despede-se de Londres com quatro medalhas, convertendo-se na modalidade brasileira com maior número de pódios (19) na história olímpica, superando a vela, que tem 17.

Nesta Olimpíada, ganhou um ouro com Sarah Menezes e três bronzes com Mayra Aguiar, Felipe Kitadai e Rafael Silva. Registrou seu primeiro ouro no feminino e superou a marca de três pódios num mesmo evento, que vigorava desde Los Angeles-1984. Mayra Aguiar, 20, é a atleta mais jovem a conquistar uma medalha individual para o Brasil na história dos Jogos.

Portanto, uma campanha memorável, mas que pode evoluir no Rio, em 2016, porque a modalidade conta com 2,5 milhões de praticantes no Brasil -250 mil federados- e, no alto rendimento, há pelo menos três décadas vem demarcando seu espaço entre as forças mundiais.

O judô, que tem como filosofia integrar o corpo e a mente, foi idealizado em 1882. Por volta de 1922 chegou ao Brasil. A partir de 1938, com a vinda de imigrantes japoneses, começou sua expansão. A primeira medalha olímpica aconteceu em Munique-1972, com Chiaki Ishii, bronze. Depois, só em Los Angeles-1984. E, de lá para cá, subiu ao pódio em todos os Jogos.

Os atletas e dirigentes apontam os investimentos crescentes como diferencial na evolução das seleções. O apronto final, em concentração fora da Vila Olímpica, costuma contar com sparrings para todas as categorias. O time feminino passou a ter tratamento mais adequado, evitando projetos atrelados ao masculino. Dessa forma, com uma preparação mais focada em seus interesses, progrediu.

Outro diferencial tem sido o apoio psicológico. Ao conquistar o ouro, Sarah Menezes agradeceu esse respaldo. Seu técnico, Expedito Falcão, procurou a psicóloga Luciana Castelo Branco, especialista na área de esporte, para a tarefa iniciada em 2009. Pedi à Luciana uma definição sobre Sarah. A resposta foi objetiva: determinada, motivada e disciplinada. As partes física, técnica e tática são com o treinador; a psicológica cuida de diferenciais para resistência mental, ansiedade, adversidades e pressão em geral.

Havia 20 anos que o judô do Brasil não conquistava um ouro. O último fora de Rogério Sampaio em Barcelona-1992. O outro tinha sido de Aurélio Miguel, em Seul-1988, atleta que se notabilizou na reivindicação de melhores condições para seus pares. Virou político e trilha outros caminhos. Vereador em São Paulo pelo PR, é investigado sob suspeita de receber propina para não citar shoppings na CPI do IPTU e para a liberação de obras irregulares, casos em que está envolvido o ex-diretor da prefeitura Hussain Aref.

uta inglória e mais árdua do que a dos tatames.