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Juca Kfouri

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O dia d'ouro

O gênio Roger Federer joga amanhã em Wimbledon a sua última chance de fazer o Gold Slam

DOMINGO ESPECIAL em Londres.

O heptacampeão do Torneio de Wimbledon, o mais tradicional do tênis mundial -uma história que começa ainda no fim do século 19, mais precisamente em 1877-, busca o título que lhe falta, a medalha individual de ouro olímpica, porque a de duplas masculinas ele tem desde a última Olimpíada, em Pequim.

Busca num terreno que conhece e explora feito ninguém no século 21. Sete vezes campeão na grama londrina (entre 2003 e 2012), como apenas foram os lendários William Renshaw (entre 1881 e 1889) e Pete Sampras (entre 1993 e 2000), ambos, o britânico e o americano, portanto, em séculos passados, Roger Federer luta pelo justo lugar que tem de estar reservado a ele no Olimpo.

Para voltar à quadra central do santuário de Wimbledon neste domingo, o suíço precisou vencer uma colossal batalha de mais de quatro horas com o argentino Juan Martín del Potro, depois de perder o primeiro set sem grande resistência, vencer o segundo no tie-break e o terceiro por históricos 19 a 17.

Pela primeira, e provavelmente última vez em minha vida, estive lá na mesma quadra central, testemunhei minuto a minuto cada passo, cada reviravolta do embate e, emocionado, como todos, aplaudi em pé o desempenho extraordinário dos dois tenistas, um de vermelho Suíça, outro de azul Argentina, para quebrar, na Olimpíada, a exigência de vestir branco no palco mais conservador do esporte mundial.

Prestes a completar 31 anos nesta quarta, Federer pareceu resistir fisicamente melhor que o argentino, nove anos mais jovem. Nenhuma câimbra, escorregão ou tombo, sem gestos parasitas ou dramáticos, com exceção de um berro das entranhas por um ponto que seria magnífico e que a rede traiçoeira lhe tomou.

De resto, sereno, compenetrado, como se não estivesse no olho do furacão, por momentos vendo seu sonho dourado se esvair, porque ou ele ganha agora ou nunca mais, no Rio-2016, aos 35...

A torcida era quase toda dele por todos os motivos e por ser o adversário de onde é, vizinho das Malvinas, que os frequentadores de Wimbledon chamam Falklands. Adversário que o tinha batido no US Open de 2009, por surpreendentes 3 a 2.

Amanhã, de novo, não será preciso nenhum motivo especial para querer que ele ganhe a medalha que seu compatriota Marc Rosset conquistou em Barcelona, em 1992, e que campeões como Andre Agassi e Rafael Nadal têm.

Nada contra o britânico, quando vence, e escocês, quando perde, Andy Murray, que fará as honras da casa. Acontece que ele tem apenas 25 anos e terá tempo suficiente para ganhar o seu ouro mais adiante. Federer, não mais.

Amanhã Wimbledon estará contra Federer, e o mundo, a favor.

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