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9s63

O jamaicano Usain Bolt defende sua medalha de ouro nos 100 m com um novo recorde olímpico em Londres, exalta rivais, mas diz que, para se tornar uma lenda, ainda falta vencer os 200 m

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Usain Bolt, 25, fez pesar sobre seus adversários toda a pressão de sua lenda.

Na corrida mais rápida da história, o jamaicano sobrou, de novo, e obteve seu segundo título olímpico nos 100 m.

Seu desempenho o deixa a um passo de se tornar o maior velocista de todos os tempos.

Antes da corrida, ficava claro quem dominava a cena. Todos exibiam rostos fechados na área de aquecimento. Bolt pulava para as câmeras.

Não era uma concorrência qualquer que estava à sua frente. Yohan Blake, Justin Gatlin e Tyson Gay tinham todos tempos abaixo de 9s80. E estavam tensos.

Assim foi no bloco de largada. Fora a imitação de tigre de Blake, um gesto de marketing, ninguém fazia piadas ou aplaudia o público como o recordista do mundo.

"Ele vai se sair melhor da próxima vez. Estava um pouco estressado no início", disse Bolt sobre o compatriota Blake, seu maior concorrente e também amigo de treinos.

Um velocista, dizem os treinadores, tem que ser relaxado para acertar a técnica. Ainda mais quando 80 mil pessoas silenciam para vê-lo. Segundo um dos atletas, dava para ouvir um alfinete cair no chão. Só então Bolt fechou a cara. E largou mal, como sempre acontece com ele.

A corrida era dominada pelo trio Blake, Gay e Gatlin pelo menos até a metade. Até que, já com o corpo reto e com a aceleração correta, as passadas do gigante fizeram diferença na ultrapassagem.

Superou os três em bloco. E, como sua corrida quase não sofre desaceleração, não havia mais como pegá-lo.

"Nem me preocupo mais com a largada, me concentro nos meus 50 metros finais, que são o meu melhor."

Seu tempo final foi 9s63.

É o recorde olímpico -não bate os 9s58 que ele marcou no Mundial de 2009. É 12 centésimos mais rápido do que o medalhista de prata Blake. É a segunda melhor marca de todos os tempos, atrás só de seu recorde mundial.

A concorrência ajudou. Até o quarto colocado, todos marcaram tempos de 9s80 para baixo. Entre os finalistas, só Asafa Powell, que se contundiu, acabou acima dos 10s.

"Esses caras subiram minha corrida. Eram os melhores", exaltou o campeão.

As declarações finais mostraram colegas satisfeitos só de fazer parte da lenda do jamaicano. "Bolt é Bolt", definiu o medalhista de bronze, Gatlin. "Ele me encorajou e me motivou", contou Blake.

Para Bolt, era mais um passo. "Avisei: antes dos 200 m, não dá para dizer que sou uma lenda." Se vencer os 200 m, será o único a ganhar as duas principais provas de velocidade em dois Jogos.

Mas sua atitude mostra que já desafia os grandes. Questionado se em 2012 enfim seria o maior da Olimpíada, pois em 2008 Michael Phelps o teria ofuscado, Bolt desdenhou. "Verdade? Não recebi essa informação."

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