Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Projeto estatal faz o Cazaquistão se tornar potência

Ex-república soviética coleciona 6 ouros até agora, mais do que Austrália, Cuba e Holanda

DANIEL BRITO
LEANDRO COLON
ENVIADOS ESPECIAIS A LONDRES

Regime de treino de três turnos diários sob confinamento, naturalização de atletas, prêmios polpudos e investimento de US$ 20 milhões no esporte feito pelo presidente, no poder há 23 anos.

É a receita do Cazaquistão, uma ex-república soviética de 15 milhões de habitantes, para figurar, até ontem, no décimo lugar no quadro de medalhas dos Jogos, 15 posições acima do Brasil e à frente de tradicionais potências olímpicas, como Austrália, Cuba e Holanda.

O sucesso em Londres se deve, principalmente, ao levantamento de peso, que deu quatro dos seis ouros que o Cazaquistão levou até agora, quatro a mais do que em Pequim-2008, quando o país ficou na 29ª colocação geral.

Os outros dois ouros vieram do ciclismo e do salto triplo. Somam-se ainda mais dois bronzes: um no boxe e outro na luta greco-romana.

E tudo sob a fiscalização de perto, em Londres, do ministro do Esporte, Talgat Yermegiyayev, e do chefe da delegação, Ilsiyar Kanagatov, homens de confiança do presidente Nursultan Nazarbayev.

No poder desde 1989, Nazarbayev se diz amante do esporte e esteve em Londres para a abertura dos Jogos.

O ministro do Esporte disse ontem à Folha que, há dois anos, o governo decidiu transformar o país em referência no levantamento de peso, assim como no boxe, o esporte mais popular do Cazaquistão, e no ciclismo. "Faz parte de nossa cultura esse tipo de esporte. É um investimento físico e mental", afirmou Yermegiyayev.

Segundo ele, o presidente liberou US$ 20 milhões, contratou consultores da Turquia (tradicional nessas modalidades) e montou academias.

Estipulou prêmios de US$ 250 mil para o ouro, US$ 150 mil para a prata e US$ 75 mil para o bronze nos Jogos.

Criou ainda um regime de treinamento que lembra o modelo rigoroso adotado durante o comunismo soviético.

Por seis meses, os atletas ficaram confinados juntos. Homens treinavam três vezes por dia, e mulheres, duas.

"É treino. O regime é forte, afinal é Olimpíada", disse o diretor da equipe cazaque, Kairgeldy Zhanpeissov.

Questionado sobre o envolvimento do presidente no projeto, esquivou-se. "Falo de esporte, não de política."

A estrela local é Ilya Ilyn, bicampeão em Londres, com recordes olímpico e mundial no levantamento de peso. À imprensa cazaque ele disse que o presidente é seu herói.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.