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Lenda

Bolt supera má largada, pressão nas costas e colega jamaicano, vence os 200 m, cala o Estádio Olímpico e prova que é o maior velocista da história

Kai Pfaffenbach/Reuters
Bolt corre para vencer os 200 m em Londres
Bolt corre para vencer os 200 m em Londres

DANIEL BRITO
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS A LONDRES

Ao cruzar a linha de chegada em primeiro nos 200 m em Londres, o jamaicano Usain Bolt colocou o dedo na boca em pedido de silêncio.

Calava ali os questionamentos sobre a sua lenda. Reescrevia em 19s32 a história do atletismo mundial.

O atleta caribenho, de nome árabe, 1,95 m e 25 anos de idade, tornou-se ontem o maior velocista da história. Talvez o maior nome da modalidade em todos os tempos.

Ofuscou 40 campeões olímpicos anteriores dos mais de cem anos das provas rápidas. Deixou em segundo plano os mitos Carl Lewis, Jesse Owens e Michael Johnson.

Nenhum deles foi capaz de conquistar o bicampeonato olímpico tanto nos 100 m quanto nos 200 m como fez Bolt nesta Olimpíada.

"Fiz o que vim fazer aqui. Sou agora uma lenda. Sou também o maior atleta vivo", exaltou Bolt. "Não tenho mais o que provar. Provei ao mundo que sou o melhor."

Para obter as quatro medalhas dos 100 m e 200 m, ele correu menos de um minuto nas decisões. A soma dos tempos de suas quatro finais olímpicas individuais é de 57s93 -ele, obviamente, também participou de eliminatórias e semifinais antes delas.

Em cada uma dessas provas, mostrou-se mais relaxado e confiante do que seus concorrentes. A ponto de intimidá-los com sua calma.

Antes da corrida de ontem, fez piadas com os voluntários, sinais para câmeras e usou um boné de rapper americano enquanto aquecia.

Só fechou a cara na hora de largar. Pela segunda vez, o Estádio Olímpico respeitou um silêncio reverencial para ele em Londres-2012.

Iniciada a prova, largou mal, mas não demorou a tomar a ponta na curva. Havia pressão de perto de seu compatriota e maior adversário, Yohan Blake, pouco atrás.

"Foi mais difícil do que eu esperava. Senti a pressão na curva. É quando preciso focar", explicou Bolt.

Estava na frente ao final da curva, mas o outro jamaicano ensaiou uma reação. "Vi aquele gigante na minha frente e forcei", contou Blake, que ficou com a prata.

O campeão teve que fazer força para manter a velocidade e não perder a ponta.

"Comecei a sentir uma força nas costas", contou ele, lembrando de contusão que o atrapalhou na temporada.

Não estava em perfeitas condições para correr em Londres, como admitiu.

Sua velocidade, no entanto, foi suficiente para ficar alguns corpos de vantagem à frente de Blake, que acabou com 19s44. Não foi o bastante para bater de novo o recorde mundial, de 19s19.

Ciente de sua vitória e com dor, ele reduziu o ritmo no final e botou o dedo na boca.

"Foi para aqueles que questionaram se eu iria vencer", contou.

Vencedor incontestável, Bolt passou, de fato, a reescrever a história do atletismo. Disse respeitar Jesse Owens e Michael Johnson. E atacou Carl Lewis, que o acusou de doping no passado.

"Ele só quer atenção. Perdi o respeito por ele."

As comparações de Bolt, agora, estão em outro patamar, em outros esportes.

"Não sei se posso falar de outros esportes, como Michael Jordan ou Muhammad Ali. Estou nessa categoria. Deixo a comparação aos outros."

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