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Entrevista - Eduardo Paes

O menos importante são os 15 dias de Jogos

PREFEITO DO RIO DIZ QUE CONTA PARA 2016 AINDA NÃO FOI FECHADA E QUE SITUAÇÃO NÃO É CONFORTÁVEL, MAS PREVÊ SUCESSO DA CIDADE

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), admitiu que a cidade não está numa situação "confortável", mas acredita que já avançou nas "questões mais complexas" da organização da próxima Olimpíada, em 2016.

Em entrevista concedida à Folha, Paes afirmou que o orçamento olímpico ainda não foi fechado e que o assunto menos importante ao longo dos quatro próximos anos são os "15 dias dos Jogos".

Numa sala de um hotel sofisticado de Londres, o prefeito, que tenta reeleição para estar à frente da prefeitura no ano olímpico, contou que a cidade vai investir no conceito de "arenas nômades" para evitar a aparição de elefantes brancos em 2016.

"Estamos trabalhando para que esses equipamentos sejam levados para outros lugares para cumprir uma nova função depois dos Jogos. A arena de handebol vai virar quatro escolas com ginásios acoplados", prometeu o prefeito da cidade-sede.

Segundo Paes, São Paulo, uma das sedes do futebol, poderia ser beneficiada com a migração de uma das arenas.

Folha - A partir de segunda, o Rio vai virar o foco de boa parte do mundo. A cidade está preparada para as cobranças?
Eduardo Paes - Tudo é muito difícil num evento como esse. Mas temos experiência em fazer eventos bem sucedidos. Fizemos a Rio + 20 recentemente. A cidade funcionou bem. Não era um evento trivial. Recebemos quase 50 mil pessoas, dezenas de chefes de Estado.
Agora, estamos licitando os equipamentos temporários. Ainda não fechamos a conta. Mas todas as grandes intervenções, como a Transolímpica e a Transcarioca (dois corredores de ônibus que ligam as regiões envolvidas nos Jogos), além do porto e do Parque Olímpico, já estão avançadas. Mas isso não quer dizer que estamos numa situação confortável. Nessas questões mais complexas, alterar leis na Câmara, definir operações financeiras, já conseguimos avançar.

O velódromo do Rio custou R$ 14 milhões e foi construído para receber as competições de ciclismo no Pan de 2007. Agora, o COI vetou o uso da pista nos Jogos de 2016 por causa da falta de estrutura. O Rio vai demoli-lo?
Não vai sair de lá. Vamos descascar esse abacaxi.
A pressão da população é correta. Mesmo que custe um pouco menos reconstruir, vale a pena. Não podemos mais cometer os erros do passado agora.

Como evitar que as novas sedes se transformem em mais elefantes brancos?
No Rio, faremos o que chamamos de arquitetura nômade. A arena de handebol está sendo desenvolvida para virar no futuro quatro escolas municipais, com ginásios acoplados. Podemos até ceder uma arena para São Paulo, que tem essa deficiência. Como o custo é do governo federal, pode se levar essas arenas para outros Estados. São Paulo pode ganhar uma arena de qualidade. O Rio já tem o Maracanãzinho e a Arena da Barra. Já fizemos a conta. As arenas temporárias não são necessariamente baratas. Ao contrário, podem ser muito caras. Mas vale a pena fazer assim. Já que o custo de mantê-las durante anos é maior. Por isso, estamos trabalhando com o conceito de arquitetura nômade.

Qual a imagem que o Rio vai passar com os Jogos Olímpicos de 2016?
Sei que a partir de segunda-feira a imprensa estrangeira inteira vai falar do país. Acredito que vão deixar de falar de uma cidade violenta, como acontece há 30 anos, e vão começar a falar de uma cidade que se constrói.
O fantástico é isso. Muitos ainda não percebem.
A Olimpíada não é um evento de quantos ingressos vai se vender. Radicalizando, o menos importante são os 15 dias dos Jogos. A Olimpíada começa agora.

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