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Sem chance

Esquiva domina adversário britânico, mas Yamaguchi sofre duas aberturas de contagem no terceiro assalto, perde luta e leva o bronze

Flavio Florido/UOL
Esquiva Falcão acerta o britânico Anthony Ogogo
Esquiva Falcão acerta o britânico Anthony Ogogo

EDUARDO OHATA
MARIANA LAJOLO
ENVIADOS ESPECIAIS A LONDRES

A caminhada paralela dos irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão rumo ao ouro em Londres chegou ao fim ontem. O irmão mais novo, Esquiva, 22, continuará. Mas Yamaguchi teve a trajetória interrompida pelo russo Egor Mekhontcev.

São filhos de Touro Moreno, 75, um dos pioneiros do vale-tudo, precursor do MMA (artes marciais mistas).

O primeiro a subir ao ringue ontem foi Esquiva, que encarou o atleta britânico Anthony Ogogo -e a pressão da torcida dentro de casa.

"Sabia que ia ser muito difícil por causa da plateia. Mas vim preparado", resumiu Esquiva, após ganhar com folga por pontos (16 a 9) do inglês, na categoria até 75 kg. O brasileiro "sobrou" no duelo. Dominou o adversário, que foi à lona por duas vezes.

O psicológico, segundo Esquiva, fez toda a diferença.

"Estou mais confiante, mais feliz. Você tem que lutar feliz, ou não é boxe."

Esquiva reconheceu que vinha conversando com o irmão, com quem está dividindo quarto, sobre a possibilidade de os dois serem campeões. "Eu falei para ele: 'Yamaguchi, a gente tem chance de sair daqui os dois com medalha de ouro. É para entrar para a história, dois irmãos, em uma Olimpíada, com o ouro'."

No boxe, apenas os irmãos Michael e Leon Spinks chegaram a tal feito, em Montréal, em 1976. "Vim para ser campeão e, se Deus quiser, a gente vai sair campeão", afirmou Esquiva, que poucas horas depois voltou à Arena ExCeL para ver o combate do irmão.

Yamaguchi, que havia eliminado o favorito ao ouro na categoria até 81 kg, Julio La Cruz Peraza, em sua luta anterior, não conseguiu repetir a mesma fluidez e perdeu para o russo Mekhontcev.

Sofreu duas aberturas de contagem no terceiro assalto ao acusar ter sentido golpes.

"Estou feliz. Tenho o bronze e este é o auge da família Falcão-Touro Moreno. Estarei no pódio, entre os melhores do mundo", comentou Yamaguchi depois de se sofrer sua derrota de ontem.

"Foi ele [Touro Moreno] que me mandou subir de peso [para que seu irmão fosse acomodado na categoria de baixo]. Não me arrependo. Não sei se fosse eu no peso dele, se estaria me dando bem como Esquiva. Meu pai queria duas cartas em Londres, e foi o que fizemos."

O irmão mais novo correu em defesa de Yamaguchi. "Esse bronze dele vale ouro, ele sabe. Com certeza sua presença aqui vai me motivar pelo ouro", consolou Esquiva.

MMA

Uma coisa é certa: se depender do líder do clã Falcão, é nula a chance de a dupla estar no Rio, em 2016.

Touro Moreno quer que passem para o MMA. Há, ainda, o interesse do ex-promotor de Popó, Arthur Pelullo. "No Rio [durante a seletiva olímpica], ele disse que depois de Londres, se quiséssemos, estaria tudo certo para passarem a profissional", argumenta Touro Moreno.

À Folha, o empresário norte-americano confirmou ontem que tem total interesse em passá-los a profissionais.

Se Esquiva e Yamaguchi não estarão mais nos ringues amadores, atraídos pelo MMA ou pelo boxe profissional, há um representante da família Falcão à espreita pela Olimpíada-2016: Estivam, campeão brasileiro da categoria cadete no ano passado.

"Meu pai diz que o Estivam é o melhor lutador de casa. E o que o Touro Moreno fala, acerta", aponta Yamaguchi. Hoje, será sua vez de retornar à Arena ExCel, desta vez para torcer pelo ouro do irmão.

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