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Bis

Após trajetória cheia de drama e percalços, seleção feminina de vôlei conquista a medalha de ouro e o bicampeonato olímpico

MARIANA BASTOS
MARIANA LAJOLO
ENVIADAS ESPECIAIS A LONDRES

O placar foi o mesmo, o rival foi o mesmo, o vencedor foi o mesmo. Já o roteiro foi completamente diferente. Assim como há quatro anos, a seleção feminina venceu os EUA por 3 sets a 1 em uma final olímpica, mas desta vez...

"Esse título vale um filme", disse a líbero Fabi, com seu segundo ouro brilhando no pescoço. "Se colocassem o Woody Allen para escrever o roteiro contando a história dessa medalha olímpica, acho que ele não conseguiria fazer tão bem, apesar de ser muito competente."

Quatro anos após fazer uma campanha irrepreensível em Pequim, perdendo só um set, a seleção feminina experimentou uma trajetória cheia de percalços, suor, drama e, sobretudo, superação nos Jogos de Londres.

A campanha na capital britânica pode ser traduzida pela história da última partida. Um início desastroso, marcado por uma virada gloriosa.

A primeira fase e o primeiro set da final foram igualmente decepcionantes, o que deixou a torcida desconfiada em relação à capacidade de recuperação da equipe.

No início do torneio, o Brasil acumulou uma vitória suada e duas derrotas, o que lhe deixou em situação complicada, dependendo de outros resultados para se classificar.

No começo da decisão, a seleção comandada por José Roberto Guimarães foi atropelada pelos EUA, que impôs a vitória parcial mais humilhante dos Jogos -25 a 11.

Parecia perdido, mas não estava. No campeonato, a virada de comportamento aconteceu após a derrota para a Coreia do Sul, quando jogadoras e comissão técnica fizeram uma reunião.

Na partida, o momento da recuperação da autoestima se deu no intervalo entre o primeiro e o segundo set.

"Falei para as meninas: 'Esquece esse set. Zera tudo. Apaga da memória. Vamos começar de novo e imprimir nosso ritmo", disse a central Thaisa, um dos destaques da campanha brasileira.

Com a confiança recuperada, era hora de provar ao mundo do que as campeãs olímpicas eram capazes.

No campeonato, o ponto de inflexão foi a vitória sobre a Rússia, a maior algoz do Brasil nesta década. Um triunfo dramático nas quartas de final decidido no tie-break após o time brasileiro salvar seis match-points.

"Depois daquele jogo, senti que tinha tudo para o ouro ser nosso", disse Thaisa.

Na decisão, a virada começou a se desenhar logo no início do segundo set. O Brasil se transformou. Parecia outro time em quadra, mais vibrante, mais unido.

Daí para a frente, a seleção feminina não perdeu mais o foco. Parecia destinada à conquista do seu segundo ouro.

Inicialmente tímida, a torcida no Earls Court embalou suas meninas de novo com o grito: "O campeão voltou". Era a mesma frase que fora cantada inicialmente na vitória contra as russas.

Depois, só vitórias. Um passeio no segundo set por 25 a 17. Uma parcial mais equilibrada no terceiro, com 25 a 20 e o triunfo no quarto set, por 25 a 17. "Quando acabou o jogo, eu só pensava na nossa superação", disse Sheilla.

No Rio-2016, os torcedores terão que mudar um pouco o cântico. "O bicampeão voltou" será mais apropriado.

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