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Em luta definida por punição, Esquiva leva a medalha de prata

BOXE Derrotado por japonês, brasileiro ressalta o feito da família Falcão, que sai de Londres com dois pódios

EDUARDO OHATA
LEANDRO COLON
ENVIADOS ESPECIAIS A LONDRES

"O vencedor, e campeão olímpico, do córner azul..."

Não foi preciso o anunciador de ringue dizer o nome do japonês Ryota Murata. Esquiva, 20, pela cor do córner, já sabia o resultado -a prata era o fim da saga da família Falcão em Londres. E também o ápice do clã no esporte.

A derrota na final não abateu Esquiva. Afinal, cumpriu à risca o plano arquitetado pelo pai, o veterano lutador Touro Moreno, 75, oriundo do vale-tudo: ele volta ao Brasil com uma prata, e Yamaguchi, seu irmão, com um bronze.

Touro queria que um filho fosse medalhista olímpico no boxe. Por isso pôs quatro dos filhos para treinar. Além de Esquiva e Yamaguchi, há Estivam e Tomas Edson.

Foi justamente Yamaguchi quem mais se sacrificou no jogo de xadrez humano em Londres. Parou no russo Egor Mekhontcev. Fez questão, porém, de exaltar a união familiar. Comparou a uma estratégia o sacrifício de competir na categoria que não era sua.

"Foi meu pai que me pediu para subir de peso, para meu irmão [que subiu de peso] poder competir entre os médios. Não me arrependo", disse.

Além de honrar o clã Falcão, Esquiva subiu ao ringue ontem motivado por uma revanche. Foi Murata quem o eliminou do Mundial de Baku, em 2011, na semifinal. Desde então, o brasileiro ficou obcecado com o ouro nos Jogos de Londres, seu foco.

O combate, parelho desde o assalto inicial, acabou decidido por uma penalidade sofrida pelo brasileiro no terceiro e último assalto, por excesso de clinches (agarrões).

Ele, que já havia sido alertado pelo árbitro, acabou perdendo dois pontos pela falta.

O brasileiro não se abateu, ao contrário, pressionou ainda mais seu adversário, porém o esforço não adiantou.

Vitória do japonês, vice-campeão mundial e primeiro ouro do Japão no boxe em 48 anos, além de a primeira medalha no esporte em 44 anos.

"Os dois estavam segurando, cansados. Acho que teria de ter tirado [ponto] dos dois. Mas não vou apelar do resultado, esporte é isso", reclamou Esquiva depois da luta, cujo placar terminou em 14 a 13 para Ryota Murata.

Para o irmão de Esquiva, a tradição japonesa afetou o resultado. "Na minha opinião, pesou a camisa porque o japonês é bicampeão mundial. Essa luta foi do Brasil, mas os árbitros não viram", disse. Ele, no entanto, também celebrou as duas medalhas conquistas pela família. "A família Falcão é foda."

"É o dia mais importante da minha carreira e da minha família", ecoou Esquiva.

Por fim, fica o recado que Touro, brincando, mandou na semana. Foi uma referência a seus 18 filhos, 15 deles ainda vivos. "Além desses quatro [que já lutam boxe], tenho mais 11 por aqui."

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